O dia que Paris quase virou fumaça

Paris

– Uma cerimônia solene diante do túmulo do marechal Philippe Leclerc, no museu dos Inválidos de Paris, deu início ontem às celebrações aniversário da libertação da capital francesa do domínio nazista. Desfiles militares, homenagens, atos oficiais, bailes e festas aconteceram ao longo do dia em Paris. No início da manhã, a bandeira francesa foi hasteada no topo da Torre Eiffel pelos bombeiros de Paris, assim como aconteceu no dia 25 de agosto de 1944, quando os tanques aliados entraram na capital e expulsaram o exército alemão.

Duas colunas militares percorreram as ruas da cidade para lembrar as tropas francesas e aliadas que chegaram ao centro de Paris há 60 anos. De 19 a 25 de agosto de 1944, Paris, ocupada há quatro anos, se rebelou contra o domínio alemão. Greves, combates nas ruas e barricadas foram usados para combater os nazistas em uma semana histórica. Mais de 5 mil pessoas morreram nesta batalha na capital francesa, iniciada na tarde de quarta-feira diante da sede da prefeitura, onde o general Charles de Gaulle pronunciou o célebre discurso que marcou a libertação de Paris.

Mas a verdade é que Paris só não virou fumaça, ou seja, não foi destruída, porque um general alemão, Dietrich von Choltitz, desobedeceu as ordens de Hitler e não destruiu a capital francesa, quando tinha condições para isso. E seis décadas depois, uma pergunta não tem resposta satisfatória: porque von Choltitz não destruiu a cidade? A verdade ainda é obscura e objeto de controvérsia entre os historiadores. Segundo a hipótese mais comum, von Choltitz teria desobedecido por razões de consciência, pois não queria ser o responsável pela destruição de uma cidade com o prestígio e a fama mundial da capital francesa. Outros historiadores consideram que o militar alemão não tinha meios para cumprir a ordem, pois sua guarnição estava desorganizada diante do avanço avassalador dos aliados pela Normandia e pelo ambiente político que surgiu após o atentado contra Hitler. Mas, em seu histórico, não há nada que indique que este general alemão era uma pessoa movida por atos de bondade.

No início da guerra, von Choltitz participou sem grandes problemas de consciência no bombardeio terrorista da cidade holandesa de Roterdã e, dois anos depois, na União Soviética, na destruição do porto de Sebastopol. Estas ações ocorreram entre 1940 e 1942, quando o exército alemão vencia em todas as frentes. A partir de 1944, os nazistas começam a ser derrotados, tendo como fatos mais marcantes a resistência em Stalingrado e o desembarque na Normandia.

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