Na era da tecnologia, artesão vive da natureza

Em meio a tantas novidades tecnológicas, o bambu tem ganhado destaque na decoração de ambientes pela sua beleza rústica. É trabalhando com este material que o descendente de índios José Pedro da Silva, o Zé do Bambu, ganha a vida.

Aprendeu sozinho a trabalhar com a planta e cria móveis e objetos para decoração. Mas ele incorporou o bambu de tal forma em sua vida que até seu relógio e cinta são feitos do material. Para o futuro, pensa até em criar uma roupa.

A oficina de mestre Zé do Bambu fica em uma chácara no bairro de Campo Comprido (zona oeste de Curitiba). A simplicidade do local combina com a beleza dos objetos moldados pelas mãos experientes do mestre. Trepadeiras e pássaros dão o tom do trabalho, que o artesão realiza com afinco no interior da oficina. Ele diz que sempre gostou de criar coisas usando madeira. “Quando eu era pequeno vivia inventado carrinhos”, conta.

Zé do Bambu fez a brincadeira de criança se transformar em profissão. Com o que fabrica sustenta a família e consegue dispor de algum conforto. Ele começou em 1973, fabricando cortinas, quando chegou a Curitiba. Com o tempo aprendeu a desenvolver a técnica. Hoje é comum receber a visita de decoradores e paisagistas a procura de objetos exclusivos, criados especialmente por ele. “Faço de tudo, depende da encomenda do cliente. Entre suas criações estão cadeiras, mesas, camas e sofás, além de suportes para flores e velas, revestimentos e cercas. Ele também faz instrumentos musicais como o tambor. “É parecido com o de tribos indígenas”, explica.

Quando começou o trabalho ele mesmo ia cortar no mato a matéria-prima. Das 73 espécies existentes no Brasil, quinze são cultivadas em sua chácara. Porém outras, como as que chegam a ter entre 17 e 20 cm de diâmetro, precisa buscar em regiões mais quentes, como o litoral do Paraná. Ele faz questão de extrair a planta, já que diz que precisa tomar cuidado na hora de cortar, pois no mesmo lugar nasce outro pé. O mestre explica ainda que o bambu cresce 1,5 m por dia e com a mesma largura que brota. Em um mês chega a atingir quase 30 metros, mas precisa de mais de um ano para amadurecer.

Além dos objetos ele quer construir um sobrado feito da planta na Ilha do Mel. A casa dever ter no total 50 metros quadrados. Tudo será de bambu, desde a fundação, telhado, móveis e utensílios. “Só as panelas é que não, mas serão de barro. Puro contato com a natureza”, diz. A idéia vai ficar para o próximo ano e também não é para qualquer um. O preço da casa deve ficar sair em mais de R$ 100 mil. Zé do Bambu diz que o tratamento para que a planta não apodreça é encarece a obra.

Ele está a procura de um ajudante para ensinar o que sabe. Quem quiser pode entrar em contato com ele pelo telefone 274-4953.

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