Muçulmanos nos EUA condenam vídeo e repudiam ataques contra diplomatas

Os dirigentes de várias organizações de muçulmanos nos Estados Unidos repudiaram os ataques contra diplomatas americanos na Líbia e no Egito após a difusão de um vídeo sobre Maomé que consideram uma blasfêmia.

A Sociedade Islâmica da América do Norte, que agrupa várias mesquitas americanas, condenou “de maneira inequívoca as mortes do embaixador dos EUA na Líbia, Christopher Stevens, e seu pessoal”, segundo um comunicado divulgado no site da sociedade.

O imã Mohammed Magid, que preside a Sociedade Islâmica da América do Norte, denunciou a violência durante uma entrevista coletiva em Washington na qual esteve acompanhado por um rabino, um ministro batista e o embaixador líbio nos EUA, Ali Aujali.

“Os relatórios indicam que os responsáveis pelo ataque aos funcionários americanos fizeram isso em reação a um vídeo que apresenta o profeta Maomé de uma maneira profana. Embora achemos que este vídeo seja desprezível e odioso, isto jamais pode ser usado como desculpa para cometer qualquer tipo de ato violento. Ninguém deveria cair na armadilha dos que desejam incitar o ódio”, disse o imã.

Magid afirmou ao jornal “The New York Times” que entrou em contato com acadêmicos muçulmanos no Egito, Líbia, Tunísia e Mauritânia para dizer que os produtores do filme “não representam o povo americano”.

O representante democrata Keith Ellison, primeiro muçulmano eleito ao Congresso dos EUA, declarou que o vídeo que supostamente causou os distúrbios “é estúpido e rudimentar e que ofende não somente aos muçulmanos, mas a qualquer um que respeite a fé dos demais. É preciso entender que o Governo dos Estados Unidos nada teve a ver com a criação do vídeo. O povo americano o repudia”, disse.

O presidente da Sociedade Muçulmana Americana, Oussama Jamal, disse que se as pessoas que atacaram as missões diplomáticas americanas fizeram isso como reação ao vídeo “caíram na armadilha da violência”.

“Isto é absolutamente degradante”, acrescentou. “Achamos que estes atos covardes contradizem totalmente as doutrinas do Islã”, acrescentou Jammal em Chicago.

Ammar Almasalkhi, presidente do Centro Comunitário Muçulmano em Louisville, disse que condena os ataques “da maneira mais enérgica que se possa imaginar. Estas ações não representam nossa fé”.

Por sua vez, Ihsan Bagby, professor de estudos islâmicos na Universidade de Kentucky, disse ao jornal “The Courier Journal” que “os extremistas que explorarm o filme promovem a ideia de que o Ocidente está em guerra com o islã”.

O vídeo, acrescentou Bagby, “é repugnante e malicioso na forma como denigre a imagem de Maomé, mas os muçulmanos nos EUA e em outros países necessitam proclamar que os Estados Unidos e Ocidente não estão em guerra com o islã e que a liberdade de expressão é um aspecto cultural dos Estados Unidos”.

“Qualquer um que tenta promover a noção equivocada de que os muçulmanos não se integram nos Estados Unidos, fomenta mais medo e mais comportamentos destrutivos”, disse Aalam al-Marayati, presidente do Conselho Muçulmano de Relações Públicas em Los Angeles.