Mortalidade materna na América Latina é alarmante

Os países da América Latina e do Caribe registram a cada ano um nível “vergonhoso” de mais de 23 mil mulheres mortas por complicações durante a gravidez ou no parto, advertiu a Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), segundo a qual “a maioria dessas mortes são evitáveis”.

Os dados foram divulgados pela organização sanitária por ocasião do lançamento ? junto a outras sete agências internacionais ? de um programa para a redução da mortalidade materna. Os dados fazem estremecer pela magnitude e contraste: enquanto nos países desenvolvidos o risco de morrer por essas causas é de 1 para cada 7.750 mulheres, na região latino-americana esse índice sobe para 1 para cada 130.

“Uma única morte materna em um ano é uma tragédia, 23 mil mortes é vergonhoso”, afirmou a diretora da OPS, Mirta Roses.

Segundo a médica, “a ampla maioria das mulheres que morrem na América Latina e no Caribe morre por causas evitáveis, que podem ser prevenidas de forma rotineira nos países desenvolvidos”.

A OPS, em cuja sede em Washington se apresentou o plano de redução de mortalidade materna, revelou que na América Latina e no Caribe 190 mulheres morrem para cada 100 mil bebês nascidos vivos.

Trata-se de “um número que representa mais de dez vezes a taxa de mortalidade materna dos Estados Unidos”, onde se registram 17 óbitos para cada 100 mil bebês nascidos vivos, informou a organização.

Esses dados permitem realizar previsões sombrias. Segundo a OPS, neste início de século estima-se que cerca de 15% das grávidas da América Latina e do Caribe sofrerão “complicações mortais” durante a gravidez, o parto e o puerpério (pós-parto).

(SEGUE)

“A morte materna”, explicou a organização, “tem repercussões não apenas emocionais, mas também sociais e econômicas profundas”.

O falecimento da mãe durante o parto e o puerpério provoca uma forte redução da sobrevivência do recém-nascido, “diminui o desempenho escolar das crianças sobreviventes e representa uma perda da produtividade econômica e da renda familiar”.

A luta sanitária nesse tema tem um objetivo incluído entre as metas da Declaração do Milênio que a ONU adotou em 2000: reduzir a mortalidade materna em 75% em todo o mundo até 2015.

Muitas mulheres dão à luz sem assistência qualificada

A OPS recordou que na América Latina e Caribe a proteção da saúde de mães e grávidas enfrenta realidades como a falta de acesso de centenas de milhares de pessoas aos cuidados da saúde reprodutiva.

Além disso, muitas mulheres dão à luz sem a assistência de pessoal médico qualificado, o que faz com que “a maioria das mortes ocorram no momento do parto”.

O documento elaborado pelas oito agências internacionais declara que “cada mulher tem o direito a uma gravidez e parto seguros, e o direito a uma maternidade segura”. Destaca também certos fatores alarmantes de saúde na região: “As mulheres pobres e os grupos indígenas freqüentemente recebem tratamentos de saúde inadequados”.

As condições sociais e econômicas dessas mulheres, completou o documento, “se associam com uma excessiva mortalidade materna”.

O programa de redução da mortalidade materna apresentado prevê, entre outros pontos, impulsionar entre os governos da região políticas a favor do financiamento dos serviços de saúde materna e “apoiar os esforços nacionais e locais” nesse tema.

Voltar ao topo