Militares negam golpe em Guiné-Bissau, diz imprensa

Após o assassinato do presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, na manhã desta segunda-feira (2), não está claro quem está atualmente no controle do país. Meios de comunicação locais citaram oficiais do Exército dizendo que eles estão no controle e que irão respeitar a Constituição do país. Os militares negaram que haja uma tentativa de golpe. A capital de Guiné-Bissau estava calma e o tráfego fluía normalmente nesta segunda, segundo informações da agência Associated Press.

O presidente foi morto no que inicialmente parece ter sido um ato de vingança após a morte do comandante das forças armadas, Batiste Tagme na Waie, rival do presidente, que morreu na explosão de uma bomba horas antes. As tensões entre o presidente e o Exército vêm crescendo há meses. Em novembro, a casa de Vieira foi atacada por tiros de metralhadora e por granadas propelidas por foguetes. Em janeiro, uma força especial criada para proteger Vieira depois do ataque contra sua casa foi acusada de tentar assassinar o general Waie e foi dispensada.

A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e está entre os três piores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Organização das Nações Unidas (ONU). Seu principal produto de exportação é a castanha de caju. Mas nos últimos anos o país tornou-se uma popular escala para traficantes de drogas que transportam cocaína da América Latina para a Europa.

A Guiné-Bissau passou por uma série de tentativas de golpe e intensas reviravoltas políticas desde que conquistou a independência de Portugal, em 1974. A carreira política de Vieira mostra a crônica instabilidade do país e o turbulento relacionamento entre seus políticos e os líderes militares.

Vieira chegou ao poder pela primeira vez por meio de um golpe em 1980. Ele reconquistou a presidência após as primeiras eleições multipartidárias do país em 1994, apenas para ser deposto e forçado ao exílio após ter demitido o então chefe das forças armadas em 1999. Ele retornou ao país em 2005 e foi eleito presidente de novo.

Jean Ping, o principal representante da União Africana, condenou os ataques chamando os assassinatos de “covardes e atrozes”. Portugal também condenou os crimes e pediu a retomada da ordem constitucional. As informações são da Dow Jones.