Militar paquistanês é condenado à morte por matar jovem

Um tribunal paquistanês condenou à morte, nesta sexta-feira, um soldado que atirou e matou um jovem desarmado que pedia esmolas. O crime foi gravado e as imagens mostradas várias vezes na televisão, dando início a uma incomum indignação popular contra o poderoso Exército do país. Outros cinco soldados e um civil, que estavam presentes durante o assassinato ocorrido em julho num parque na cidade de Karachi, também foram condenados por assassinato e sentenciados à prisão perpétua.

Os veredictos são um exemplo raro no qual as forças de segurança paquistanesas foram publicamente responsabilizadas por abusos aos direitos humanos. O assassinato ocorreu num período de grandes críticas da população ao Exército por seu fracasso em detectar ou impedir o ataque unilateral norte-americano que em 2 de maio matou Osama bin Laden.

Sarfraz Shah, de 18 anos, foi baleado em 8 de junho após ser detido por uma patrulha paquistanesa. Um jornalista local de televisão gravou o incidente. As imagens provocaram a indignação da população e os suspeitos do caso foram rapidamente presos e julgados.

Num sessão breve no tribunal antiterror que cuidou do caso, o juiz Bashir Khoso disse aos sete homens que eles foram condenados por assassinato e leu os veredictos. Shaukat Hayat, advogado de Shahid Zafar, que foi condenado à morte, disse que vai apelar da sentença.

Na época, os envolvidos disseram que Shah foi abordado no parque sob suspeita de roubo e alguns relatos indicavam que ele levava uma arma de brinquedo. Mas as imagens mostram que ele estava desarmado, cercado pelos patrulheiros. Num determinado momento, ele se aproximou de um deles com os braços estendidos, mas foi empurrado para trás e alvejado duas vezes na cabeça e na perna.

Enquanto estava caído, pediu aos patrulheiros que o levassem para o hospital, mas eles ficaram nas proximidades enquanto ele se contorcia numa poça de sangue. Shah acabou sendo levado ao hospital local, mas morreu em seguida em razão da grande perda de sangue.

Raramente réus são condenadas à morte no Paquistão e as prisões perpétuas se convertem em penas de 15 anos. As execuções costumam ser por enforcamento. As informações são da Associated Press.

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