Lula diz a Obama que sanção encerra solução negociada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou seu colega Barack Obama, dos Estados Unidos, que novas sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas porão a perder a oportunidade aberta pela Declaração de Teerã de uma solução negociada para a questão nuclear iraniana. Com o cuidado de não mencionar a palavra “sanção”, Lula insistiu no texto que a declaração recebeu o endosso das mais altas lideranças iranianas.

Nas entrelinhas, a carta de Lula sugere aos EUA a concessão de uma espécie de trégua para o Irã, antes de colocar as novas sanções em votação no Conselho de Segurança. O texto centrou-se nos avanços obtidos com a Declaração de Teerã, que se refere ao acordo extraído pelo Brasil e a Turquia do Irã, no último dia 17, sobre a troca de urânio iraniano levemente enriquecido por combustível nuclear.

Lula acentuou na carta que o governo iraniano, ao assinar a Declaração de Teerã, aceitou “por escrito” tópicos que antes rejeitava. O Irã concordou em entregar um volume de 1.200 quilos de seu urânio a um terceiro país, a Turquia, e ainda recuou em sua exigência de uma troca simultânea. Como argumento a Obama, Lula também se valeu da atitude do Irã de notificar esses novos compromissos na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anteontem, no prazo previsto.

A carta de Lula a Obama faz parte de novos esforços do governo brasileiro para impedir que a resolução com as novas sanções contra o Irã seja posta em votação e aprovada. Também se apresenta como uma resposta à missiva enviada por Obama a Lula no final de abril, na qual o presidente americano deixara claro que não abriria mão das sanções – a menos que o Irã interrompesse o enriquecimento de urânio imediatamente. Essa advertência não constou dos trechos da carta vazados à agência Reuters na última sexta-feira.

Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, o presidente Lula também enviou cartas similares, hoje, aos presidentes da Rússia, Sergey Medevdev, e da França, Nicolas Sarkozy. Nos próximos dias, seguirão missivas para o presidente Felipe Calderón, do México – país que também é membro não permanente do Conselho de Segurança, assim como o Brasil – e para os líderes sul-americanos. Depois de amanhã, Lula receberá em Brasília o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

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