Igreja critica política imigratória de Nicolas Sarkozy

As primeiras expulsões de ciganos em situação irregular na França e a política de “segurança” e de imigração do presidente Nicolas Sarkozy irritaram a Igreja Católica, pelo caráter xenofóbico das medidas adotadas pelo Palácio do Eliseu. Autoridades religiosas, como o papa Bento XVI e o arcebispo de Paris, André XXIII, condenaram a política de discriminação e a extradição de ciganos e romenos do país, iniciada na semana passada.

A polêmica, que envolvia a opinião pública francesa, cresceu no final de semana, quando o papa, em francês, criticou em meias palavras a política de Sarkozy. “Os textos litúrgicos nos dizem que todos os homens são chamados à salvação. E fazem também um convite a saber acolher as legítimas diversidades humanas”, afirmou Bento XVI. O argumento havia sido usado pelo arcebispo de Paris, para quem as medidas anti-imigração “não estão na mensagem do Evangelho, nem na mensagem de uma sociedade civilizada”.

As críticas foram a senha para que a base da Igreja Católica aumentasse o tom de desafio ao governo Sarkozy. Ontem, o monsenhor Christophe Dufour, arcebispo de Aix-en-Provence, classificou as medidas de “indignas”.

Em resposta às críticas, o primeiro-ministro François Fillon convocou uma reunião com os ministros do Interior, Brice Hortefeux, e da Imigração, Eric Besson. Ao término do encontro, um breve comunicado deixou entrever uma resposta à oposição de esquerda, mas também o recuo do governo e uma advertência aos correligionários de direita. “A luta contra a imigração irregular não deve ser instrumentalizada nem de uma parte, nem de outra”, disse a nota.