Herdeiros do Clarín não são filhos de presos políticos

Testes com sangue e saliva dos herdeiros do Grupo Clarín, a principal empresa de comunicação da Argentina, não mostraram qualquer ligação com o material contido no banco nacional de genes ao qual familiares de vítimas da ditadura doaram seu DNA. O Grupo Clarín celebrou os resultados negativos hoje em seus jornais, sites e estações de televisão e rádio, dizendo que agora está claro que Ernestina Herrera de Noble não adotou ilegalmente as crianças de prisioneiros políticos e que o governo está perseguindo a empresária para tentar controlar a imprensa do país.

“Os resultados são conclusivos”, afirmou Jorge Anzorreguey, advogado que representa Marcela e Felipe Noble. “Essas crianças não serão ligadas às famílias de desaparecidos do regime militar”, disse. Mas grupos de direitos humanos, incluindo as Avós da Praça de Maio, afirmam que o trabalho ainda não terminou.

Até agora, o DNA de Marcela e Felipe foi comparado a amostras de famílias de pessoas que foram presas entre 1975 e 1976. Embora seus documentos oficiais digam que eles nasceram em março e julho de 1976, respectivamente, grupos de direitos humanos argumentam que suas adoções foram irregulares e que as datas de nascimento podem ter sido inventadas para obscurecer a verdade.

“O Banco Nacional de Dados Genéticos comunicou na noite de ontem que, em três das 55 famílias cujo perfil genético foi comparado ao de Marcela, não foi possível determinar se há ou não uma ligação biológica com ela e que o parentesco também não foi determinado com uma das 57 famílias comparadas ao perfil de Felipe”, afirmaram as Avós da Praça de Maio.

O casal de irmãos adotados insiste no direito de decidir sua própria identidade e tem defendido fortemente a mãe adotiva, cujo conglomerado de mídia se envolveu em uma interminável batalha de poder com a presidente Cristina Kirchner.

As Avós da Praça de Maio ajudaram a identificar 104 crianças que foram roubadas das mães logo depois do nascimento em centros de detenção clandestinos durante a ditadura e acreditam que cerca de 400 outras ainda não foram encontradas. As informações são da Associated Press.

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