Governo Bush sabia de tortura na CIA, acusa ex-agente

John Kiriakou, um ex-agente da CIA que participou da prisão e do interrogatório de um suposto alto integrante da Al-Qaeda, afirmou ao jornal americano Washington Post que as técnicas usadas para extrair informações podem ser classificadas como tortura, mas defendeu que elas "provavelmente salvaram vidas de americanos". Kiriakou disse que Abu Zubayadah forneceu informações importantes depois de ter sido submetido a técnicas de afogamento. O ex-agente revelou ainda que o método de interrogatório foi aprovado pela cúpula do governo Bush.

Porém, ele não explicou como sabia que a técnica fora aprovada pelo alto escalão do governo do presidente George W. Bush. "Isso não é algo que se faz por vontade própria. Não é algo que um agente acorda de manhã e decide fazer num prisioneiro", comentou ele hoje ao programa Today, da rede NBC. "Isso é uma política desenvolvida na Casa Branca, com a conivência do Conselho de Segurança Nacional e do Departamento de Justiça".

Zayn Abidin Muhammed Hussein abu Zubaida, o primeiro membro do alto escalão da Al-Qaeda capturado depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, começou a falar menos de 35 segundos depois de ter sido submetido ao afogamento, segundo Kiriakou, que trabalhou para a CIA em interrogatórios no Paquistão em 2002.

Fitas destruídas

Abu Zubaida foi um dos detidos que tiveram os interrogatórios gravados e as fitas posteriormente destruídas. A CIA confirmou que destruiu pelo menos duas fitas de vídeo com o interrogatório de diferentes suspeitos de terrorismo. De acordo com a agência de inteligência americana, os registros foram destruídos para proteger a identidade de agentes e porque eles não tinham mais validade para as investigações.

Porém, políticos tanto do oposicionista Partido Democrata quanto do governista Republicano acreditam que o material foi eliminado por ser uma prova de que métodos cruéis de interrogatório estavam sendo utilizados pelos Estados Unidos.

Kiriakou afirmou que não testemunhou o afogamento de Abu Zubaida mas fez parte da equipe que o interrogou em um hospital no Paquistão em 2002. O ex-agente descreveu o suspeito como alguém "ideologicamente apaixonado, desafiador e pouco cooperativo" até as técnicas de interrogatório serem aplicadas.

As declarações de Kiriakou surgem no dia em que o diretor da CIA general Michael Hayden, deve ser questionado por uma comissão do Congresso dos EUA sobre a destruição das fitas.

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