Fumaça encobre Moscou e provoca desvio de aviões

Uma densa nuvem de fumaça provocada pelos incêndios florestais encobriu Moscou hoje, impedindo os aviões de decolarem dos aeroportos da capital russa e transformando a Praça Vermelha num nevoeiro negro que provoca irritação nos olhos e na garganta. Turistas tiveram de usar máscaras para circular pela praça, onde o pináculo do Kremlin e os domos da Catedral de São Basílio eram pouco visíveis. Os níveis de poluentes como o monóxido de carbono estavam quatro vezes mais altos do que a média registrada, os piores já vistos na cidade.

Dezenas de voos que chegavam a Moscou foram desviados dos aeroportos Domodedovo e Vnukovo, pois a fumaça reduziu a visibilidade da pista para menos de 200 metros. Todas as aeronaves que deveriam pousar em Domodedovo tiveram a opção de pousar em outro local, mas a decisão sobre o desvio coube aos tripulantes de cada voo, disse a porta-voz do aeroporto Yelena Galanova.

O outro importante terminal da cidade, localizado no lado oposto da maioria dos incêndios, abriu espaço em suas pistas para receber alguns aviões. Outros voos foram desviados para São Petersburgo, a cerca de 640 quilômetros a noroeste de Moscou, ou para Kazan, que fica a 800 quilômetros a leste da capital, revelou a porta-voz do aeroporto de Vnukovo, Irina Ivanova.

Os prédios do Kremlin e da catedral desapareceram em meio ao nevoeiro, que deve permanecer durante alguns dias por causa da falta de ventos. Mais de 500 focos distintos foram registrados hoje em todo o país, a maioria no oeste da Rússia, segundo o Ministério para Situações de Emergência. Dezenas de focos surgiram ao redor de Moscou em meio à mais intensa onda de calor em 130 anos, desde que os registros começaram a ser feitos.

“Todos os recordes de temperatura foram batidos. Este país nunca viu algo como isso e nós simplesmente não temos experiência para trabalhar nessas condições”, disse o funcionário do setor de emergências Yuri Besedin. A previsão para a próxima semana é de que as temperaturas se aproximem dos 38ºC em Moscou e nas proximidades, onde a temperatura média no verão costuma ficar em torno de 23ºC.

Pelo menos 52 pessoas morreram e 2 mil casas foram destruídas pelo fogo. Autoridades russas admitiram que os 10 mil bombeiros que combatem os incêndios não são suficientes. Para evitar danos maiores, explosivos foram retirados de instalações militares e aviões, helicópteros e até mesmo robôs são enviados para ajudar a controlar as chamas ao redor da principal instalação nuclear do país em Sarov, a 480 quilômetros a leste de Moscou.

Na semana passada, o incêndio provocou grandes danos a uma base naval nas proximidades da capital. Meios de comunicação russos informaram que 200 aviões podem ter sido destruídos.