Frei tenta aproximar sua imagem à de Bachelet

Sob o risco de uma derrota no primeiro turno das eleições chilenas, o candidato Eduardo Frei, da Concertação, a coalizão de centro-esquerda que governa o país há 20 anos, já articulava ontem mudanças em sua campanha. De acordo com o Centro de Estudos da Realidade Contemporânea, ligado à própria Concertação, Frei tem 31% das intenções de voto para a eleição desse domingo e o direitista Sebastián Piñera, 44%. O segundo turno será em 17 de janeiro. Fontes ligadas à campanha de Frei disseram que o papel da presidente Michelle Bachelet, que hoje tem cerca de 80% de aprovação, será ampliado na campanha para o segundo turno. Serão espalhados pelas principais cidades chilenas mais cartazes de Bachelet com Frei e, segundo o jornal El Mercurio, de Santiago, a secretária de Interior, Carolina Tohá, e o chefe de Comunicações de Bachelet, Juan Carvajal, devem se afastar das funções para dedicarem-se mais ao candidato governista.

Outra mudança, de acordo com o coordenador da campanha de Frei, Sebastián Bowen, é que a Concertação denunciará com mais ênfase “a confusão” feita por Piñera “entre negócios e política”. Em 2006, por exemplo, o direitista usou informação privilegiada para comprar ações da companhia aérea LAN – o que o levou a ser multado pela Justiça em cerca de US$ 360 mil. “O foco da campanha para o segundo turno ainda será enfatizar que haverá continuidade com as políticas do governo Bachelet, mas faremos uma autocrítica”, disse Bowen ao Estado.

Outra medida será procurar o apoio dos dois candidatos que deixaram a Concertação para lançar candidaturas próprias no primeiro turno: o socialista Jorge Arrate e o independente Marco Enríquez-Ominami. A grande esperança da Concertação é que os eleitores de ambos migrem para Frei no segundo turno para evitar a vitória da direita. O pacto com Arrate já está sendo negociado, mas a equipe de Ominami – que subiu nas pesquisas com pesadas críticas à gestão atual, parece resistir à aproximação.

Na reta final da campanha, Frei lançou uma série de compromissos de defesa dos direitos humanos, lembrando as atrocidades cometidas durante o regime Pinochet (1973-1990). Na segunda-feira, a decisão da Justiça de indiciar seis pessoas pela morte de seu pai, o ex-presidente Eduardo Frei Montalva, em 1982, ajudou a dar relevância ao tema. “Levantar os crimes da ditadura sempre foi uma estratégia que favoreceu o desempenho eleitoral da Concertação”, diz o analista político Manuel Antonio Garretón. “A questão é que talvez ela tenha sido adotada tarde demais.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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