Fidel Castro nega discussão com seu irmão Raúl

O ex-presidente cubano Fidel Castro, negou ter discutido com seu sucessor político e irmão mais novo, Raúl Castro, e reafirmou "estar afastado do cargo", ainda que tenha sido consultado para conformar a candidatura única apresentada na histórica sessão do Parlamento que elegeu Raúl.

Em artigo publicado pela imprensa local sob o título de "Reflexões do companheiro Fidel", o dirigente aposentado por problemas de saúde disse: "não fui eu quem exigiu a consulta; foram Raúl e os dirigentes principais do país que decidiram me consultar". O artigo foi intitulado "Espero não ter que me envergonhar".

No contexto das eleições parlamentares, Fidel criticou especialmente um artigo de uma agência de notícias européia, que, segundo ele, foi um "insultante ataque pessoal". O texto falava de uma suposta discussão entre os irmãos Castro antes da sessão parlamentar do último domingo.

"Os que conhecem bem tanto a Raúl como a mim, sabem que por elementar sentido de dignidade e respeito tal tipo de reunião jamais poderia acontecer", disse.

"Outros importantes órgãos da grande imprensa norte-americana, The New York Times, The Washington Post e The Wall Street Journal, expressaram frustração, mas sem recorrer a grosseiros insultos. Para muitos, nosso país era como uma caldeira cheia de vapor a ponto de explodir. Chocam-se com meio século de resistência heróica", disse.

Fidel, que se afastou do poder em 31 de julho de 2006, disse, sobre o novo presidente cubano, que suas "palavras inteligentes e serenas… seus sinceros argumentos desenredaram o cenário de ilusões criado em torno de Cuba. Não são poucos os que tiveram ganas de ver uma súbita derrubada da Revolução heróica que resistiu e resiste a meio século de agressão imperialista".

Ele também rebateu os "uivos de lobos presos pelo rabo" pela eleição, também no domingo, de José Ramón Machado Ventura como primeiro vice-presidente do Conselho de Estado. Ventura é médico e combatente veterano, que participou da guerra contra o regime de Fulgencio Batista, derrubado em 1 de janeiro de 1959 pelo grupo encabeçado por Fidel e Raúl Castro.

"Que raiva lhes provoca, em especial, a eleição, como primeiro vice-presidente, de Machadito, secretário de Organização do Partido Comunista de Cuba", escreveu Fidel Castro em sua nova reflexão.

"O cargo de primeiro vice-presidente… foi consultado junto a mim no processo de integração da candidatura unitária", revelou o líder.

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