EUA pedem que site suspenda divulgação de documento

A administração Barack Obama disse para o fundador do site WikiLeaks que a divulgação de dados do Departamento de Estado norte-americano irá colocar “incontáveis” vidas em risco, ameaçar operações contra o terrorismo e colocar em perigo as relações dos Estados Unidos com seus aliados.

Em um movimento não usual que reflete a preocupação da administração norte-americana sobre as ramificações da questão, o Departamento de Estado divulgou no sábado à noite uma carta encaminhada para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e para seu advogado dizendo que a publicação de documentos seria ilegal e exigindo que interrompessem a divulgação.

O documento também disse que o governo dos EUA não iria cooperar com o WikiLeaks na tentativa de esmiuçar comunicações que podem colocar em risco fontes e métodos de inteligência.

A carta do conselheiro jurídico do Departamento de Estado, Harold Koh, foi divulgada junto com os esforços de diplomatas dos EUA ao redor do mundo que procuram avisar governos estrangeiros sobre o que pode estar nos documentos secretos. Acredita-se que os documentos contêm avaliações altamente sensíveis sobre líderes mundiais, suas políticas e a tentativa dos EUA de fazer lobby com estes líderes.

Na carta, Koh disse que a publicação de cerca de 250 mil comunicações secretas diplomáticas pelo WikiLeaks, esperada para hoje, irá “colocar em risco incontáveis vidas de inocentes”, “colocar em risco operações militares em andamento” e “colocar em risco cooperação entre países”.

O conteúdo foi obtido em “violação da lei norte-americana” sem cuidado quanto às graves consequências disso, disse ele. Koh acrescentou que o site não deveria publicar os documentos e deveria retorná-los ao governo, destruir as cópias que podem ter em seu poder ou em bancos de dados em computadores.

A expectativa é que o WikiLeaks divulgue os documentos em seu site neste domingo. Koh disse que o governo dos EUA sabe que os jornais The New York Times, o britânico Guardian e a revista alemã Der Spiegel tiveram acesso anterior a eles. As informações são da Associated Press.