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Estudo mostra que decreto de Trump não evita ameaça do Estado Islâmico nos EUA

Um novo estudo da Universidade de Chicago e do Centro de Política de Contraterrorismo do Instituto de Política Estratégica Australiana concluiu que a maioria das pessoas nos Estados Unidos consideradas apoiadoras do Estado Islâmico é cidadã do país e envolvida na sociedade. A pesquisa se choca, portanto, com o estereótipo de que a ameaça do grupo extremista reside na presença de estrangeiros.

As conclusões da pesquisa, disponíveis no site responsável pela comunicação oficial da Universidade de Chicago, são divulgadas após o presidente dos EUA, Donald Trump, impor um veto temporário à entrada de pessoas de sete países de maioria muçulmana no território americano. A Justiça americana suspendeu a validade desse decreto e agora há uma disputa judicial em relação ao assunto.

Nos EUA, o Estado Islâmico é muitas vezes referido pela sigla em inglês ISIS. No estudo “A Face Americana do ISIS”, os pesquisadores apontam que a maioria dos partidários do Estado Islâmico foge do suposto perfil de pessoas sem educação, isoladas e desempregadas. Um dos responsáveis pela pesquisa, o professor de Ciência Política Robert Pape, da Universidade de Chicago, disse que “a ameaça terrorista aos EUA está mudando”. Segundo ele, os novos dados mostram que esse risco “vem quase exclusivamente de cidadãos americanos dentro de nossas fronteiras, não de refugiados ou de estrangeiros”.

A pesquisa se baseia nos dados de 112 pessoas que cometeram crimes ou foram indiciadas por autoridades federais por suposto vínculo com o Estado Islâmico.

O grupo analisado tinha em média 27 anos, com um terço deles acima dos 30. Mais de 40% deles estava em um relacionamento afetivo, sendo um terço do total de casados. Além disso, quase dois terços haviam frequentado a faculdade. Três quartos desse grupo tinham emprego ou estudavam, números similares aos da população dos EUA como um todo, destaca o estudo. A grande maioria dos 112 indivíduos era de cidadãos dos EUA, com quase dois terços deles nascidos no país e quase 20% de cidadãos naturalizados. Isso representa um forte contraste com os indivíduos acusados de crimes relacionados à rede Al-Qaeda entre 1997 e 2011, apontam os pesquisadores, quando apenas 55% dos identificados no país eram cidadãos dos EUA.

Dois 112 supostamente ligados ao Estado Islâmico, apenas três haviam pedido status de refugiado, dois da Bósnia e um do Iraque. O estudo conclui também que os vídeos de propaganda do Estado Islâmico tiveram papel central na radicalização dos suspeitos.

Pape diz que a pesquisa mostra que fechar as fronteiras dos EUA para refugiados e imigrantes em geral de países de maioria muçulmana não irá impedir as ameaças do Estado Islâmico.

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