Epidemia de cólera faz violência se alastrar pelo Haiti

As autoridades haitianas estão preocupadas e temem mais violência hoje na capital Porto Príncipe. Ontem, haitianos revoltados com uma epidemia de cólera ignoraram os pedidos de funcionários do setor de saúde para parar com o protesto, que atrapalha os esforços para conter a doença.

A violência se espalhou por Porto Príncipe pela primeira vez ontem, após três dias de distúrbios no norte do país. Manifestantes lançaram pedras contra mantenedores de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), atacaram carros de estrangeiros e bloquearam estradas com pneus queimados, além de derrubarem postes de iluminação.

A epidemia de cólera já matou mais de 1.100 pessoas no país e ocorre pouco antes das eleições nacionais marcadas para o dia 28. Segundo funcionários da ONU, a violência está sendo encorajada por forças que querem atrapalhar a disputa eleitoral.

O protesto é fundado em suspeitas de que soldados nepaleses a serviço da ONU tenham sido os responsáveis por levar o cólera ao país. Esses soldados ocupam uma base rural perto do rio Artibonite, onde começou a epidemia no mês passado.

Essa suspeita foi levantada por alguns importantes especialistas em saúde, mas a ONU nota que isso não é o mais importante agora, sendo que o foco deve estar no combate ao problema. Os especialistas, porém, não apontaram qual a origem da epidemia no Haiti.

A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), comandada pelo Brasil, nega responsabilidade. Há ressentimento no país contra a Minustah, que tem sido a força de segurança dominante no Haiti há seis anos. Funcionários humanitários pedem calma, dizendo que a violência atrapalha os esforços para tratar dezenas de milhares de pessoas atingidas pela doença.

Disseminação

O cólera é uma doença gastrointestinal transmitida por meio de água contaminada e está relacionada a condições precárias de higiene, à superpopulação e à falta de sistemas adequados de saneamento. A doença pode ser tratada com relativa facilidade, mas provoca muitas mortes nos países em desenvolvimento.

O Haiti ainda sofreu com um violento terremoto em janeiro, que matou 250 mil pessoas e deixou cerca de 1,5 milhão de haitianos desabrigados. As condições precárias de saneamento aumentam os riscos de a doença se disseminar.

A República Dominicana ampliou as medidas de saúde para impedir que a epidemia se dissemine. Na segunda-feira, foi detectado o primeiro caso de cólera no país, após um imigrante vindo do Haiti chegar com a doença. As duas nações compartilham a ilha caribenha de Hispaniola. As informações são da Associated Press.