Diplomatas dos EUA vão repensar trocas de mensagens

Embora o Departamento de Estado americano não tenha emitido nenhuma ordem interna a respeito até sexta-feira, os telegramas das embaixadas dos EUA tendem a mudar de estilo por iniciativa dos próprios diplomatas. O vazamento de 250 mil telegramas pelo site WikiLeaks, na semana passada, provocou atritos diplomáticos entre Washington e seus principais aliados. No entanto, igualmente causou embaraço aos funcionários americanos em serviço no exterior diante de suas fontes de informação. Alguns deles se preparam para, independentemente de orientação oficial, escrever o essencial e ocultar nomes de pessoas nos próximos despachos.

Um diplomata americano, que conversou com o Estado sob condição de anonimato, relatou ter debatido intensamente o episódio com seus colegas de uma embaixada dos EUA ao longo da semana. Segundo ele, muitos dos atuais informantes continuarão a manter contato por conta de seus próprios interesses. Será inevitável, porém, uma mudança no estilo de relato dessas conversas. A menção de nomes de fontes, antes tida como uma forma de reforçar a credibilidade da informação, terá de ser repensada.

“Ninguém aqui se sente envergonhado ou constrangido pelo que faz ou pelo que escreve. Temos orgulho do nosso trabalho e, como qualquer jornalista ou historiador, tentamos obter a melhor história”, afirmou. “Não acho que essa exposição na mídia revelará que nossos telegramas são equivocados ou preconceituosos ou mal fundamentados. No entanto, nos sentimos mal em relação aos nossos contatos, que correm o risco de ver seus nomes expostos porque conversaram conosco”, completou o diplomata.

No início da semana passada, a Casa Branca determinou a suspensão do SIPRNet, o sistema de troca de informações entre os dois departamentos. Esse instrumento permitia o acesso de 2,5 milhões de funcionários civis e militares americanos a informações “secretas” do governo e foi apontado como a fonte do vazamento dos telegramas diplomáticos para o WikiLeaks. O sistema era usado por quase todas as embaixadas americanas para fazer chegar a Washington seus relatórios.