Desmond Tutu defende intervenção militar no Zimbábue

O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, defendeu nesta sexta-feira (5) uma intervenção militar no Zimbábue caso o presidente do país, Robert Mugabe, se recuse a deixar o poder. Tutu disse que a União Africana e nações do sul da África têm capacidade militar para depor Mugabe. “Se eles disserem a ele ‘renuncie’, e ele se recusar, eles deveriam prosseguir…militarmente”, afirmou Tutu. “Ele está destruindo um país maravilhoso”, atacou.

Para o religioso, outra alternativa seria um processo na Corte Criminal Internacional, em Haia. A corte é o primeiro tribunal permanente para crimes de guerra e investiga o Zimbábue. O regime de Mugabe, porém, não reconhece a instituição.

Um pedido de intervenção militar do pacifista Tutu parece uma iniciativa para chamar a atenção para o desespero no Zimbábue. A crise no país se aprofundou a partir do ano 2000, quando Mugabe tomou terras de fazendeiros brancos para a reforma agrária, em uma medida que acabou desestabilizando a economia. Mugabe afirma que sua intenção era ajudar os pobres, mas a maior parte das terras ficou com pessoas ligadas ao líder.

Mugabe e o líder oposicionista Morgan Tsvangirai firmaram um acordo para a divisão do poder em setembro. Porém, o pacto não foi na prática implementado, por causa de um impasse sobre quem ocuparia os principais ministérios. Mugabe está no poder desde 1980, ano da independência do Zimbábue. O país sofre com sérios problemas econômicos, entre eles a maior inflação do mundo, e também com uma epidemia de cólera que já deixou pelo menos 560 mortos.