Crise na Argentina afeta reunião do Mercosul

Os chefes de Estado dos quatro países do Mercosul reúnem-se segunda-feira (30) em San Miguel de Tucumán, na Argentina, para aprovar uma agenda praticamente nula. Trata-se do resultado dos seis meses em que o bloco foi presidido pelo governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, que tomou posse em dezembro e vem enfrentando uma crise política e econômica.

A principal decisão desta 35ª Reunião de Cúpula do Mercosul será o adiamento das medidas que dariam um pouco mais de envergadura ao bloco econômico para o encontro de número 36, em Salvador (BA), marcado para dezembro.

Na prática, a reunião de Tucumán será mais um ?pequeno encontro? da América do Sul, uma vez que também estarão presentes os líderes da Bolívia, do Chile, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Venezuela. Esse caráter do encontro estava tão evidente na semana passada que o governo do Chile, país que preside até o final do ano a União Sul-Americana de Nações (Unasul), convocou uma reunião extraordinária de cúpula dessa entidade para o dia seguinte, terça-feira, na mesma cidade.

A própria reunião do Mercosul tende a refletir a crise causada pela recusa de Cristina Kirchner em acabar com o imposto sobre as exportações agrícolas (a chamada ?retenção?, que levou o setor a organizar quatro locautes no país nos últimos três meses) e por duas opções econômicas – uma protecionista, na área do comércio exterior, e a outra heterodoxa, no combate à inflação. Por enquanto, a Argentina não decidiu restringir o ingresso de produtos brasileiros em seu mercado, como no passado. Mas forçou – e conseguiu – o adiamento do livre comércio do setor automotivo com o País de 2008 para 2013, como consta do acordo bilateral firmado neste mês.

Brasil na presidência

A Argentina passará amanhã ao Brasil a responsabilidade de conduzir essas mesmas negociações a bom termo até a reunião de Salvador, em dezembro. ?Essa agenda, que não é muito ambiciosa, deveria ter sido resolvida há muito tempo?, disse o embaixador José Botafogo Gonçalves, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). ?O processo de integração do Mercosul está se aprofundando mais por iniciativa do setor produtivo, especialmente o brasileiro, do que por motivação dos governos.

Para Tucumán, a presidente argentina e seus colegas deverão tomar apenas três decisões de menor envergadura. A eliminação da exigência de passaporte para cidadãos da América do Sul que circulem pela região, como hoje ocorre dentro do Mercosul, será uma delas. A outra será o acordo de liberalização do setor de serviços entre o Mercosul e o Chile, que foi concluído na semana passada, em Buenos Aires. A última decisão será a aprovação do financiamento do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) para três projetos de infra-estrutura do Paraguai, no valor total de US$ 23,7 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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