Crise econômica relança populismo nos Estados Unidos

Ao mesmo tempo em que o banco de investimentos Goldman Sachs anuncia o recorde nos bônus de seus executivos, a taxa de desemprego ultrapassa a marca dos 10%, irritando os trabalhadores americanos, em um fenômeno que abre espaço para radicalismos na esquerda e na direita no que costuma ser descrito como populismo na política dos EUA. Conservadores acusam a elite de querer sufocar a classe média com mais impostos usados para salvar bancos. Já os esquerdistas argumentam que as guerras no Iraque e no Afeganistão existem apenas para dar lucros a grandes corporações.

O discursos desses populistas muitas vezes distorcem a realidade, com informações incorretas. Na esquerda, o cineasta Michael Moore acusa em seu filme Capitalismo os bancos de ter roubado o dinheiro de seus impostos. O problema é que o Goldman Sachs já pagou o governo e com juros, assim como a maioria das instituições financeiras ajudadas pelo governo Barack Obama.

Na direita, a ex-governadora do Alasca e ex-candidata à vice-presidência Sarah Palin propagou a mentira divulgada pelo senador republicano Chuck Grassley de que a proposta da reforma do sistema de saúde de Obama incluiria comissões da morte para decidir se idosos iriam ou não morrer. Glenn Beck, da Fox News, que ensaia sua entrada na política, afirma que o presidente tem ligações com a Al-Qaeda.

O fenômeno populista não é novo na política americana. Andrew Jackson, presidente na primeira metade do século 19, adotou um discurso populista. George Wallace, governador do Alabama, também chegou a ser descrito como populista.

Mídia

No rádio e na TV, programas populistas de canais como a Fox News, direita, e a MSNBC, esquerda, têm dominado a audiência, deixando a mais neutra CNN na terceira colocação entre os canais de notícia pela primeira vez na história.

Rush Limbaugh, no rádio, ataca o aquecimento global, o fechamento de Guantánamo e a reforma do sistema de saúde independentemente de qual seja o resultado final. Com seu discurso raivoso, disparou na primeira colocação no rádio americano e é tido como o novo ideólogo republicano. Recentemente, ao comentar sobre a conferência sobre o clima, atacou o colunista Thomas Friedman, do New York Times, tradicional alvo dos conservadores. “Estes esnobes elitistas odeiam tanto nosso país que querem nos transformar em uma Dinamarca”, afirmou.

A esquerda usa programas de notícia cômicos, como o Daily Show, com Jon Stewart, e também sites na internet, como o Huffington Post. Sua editora, Arianna Huffington defendeu a renúncia do vice-presidente Joe Biden para pressionar Obama a não enviar mais tropas ao Afeganistão.

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