Crianças estrangeiras perambulam pelas ruas

O Ministério de Bem-Estar Social da Itália acaba de publicar um relatório sobre a situação do “exército fantasma” de crianças e adolescentes estrangeiros que perambulam pelas ruas de muitas cidades italianas, sobrevivendo graças à caridade ou a pequenos delitos, sem o menor interesse da opinião pública. Segundo o relatório, um censo realizado em 2001 revelou a presença de 14 mil jovens estrangeiros vivendo nas ruas. Estudo de 2002 aponta para a presença de 23 mil desses jovens nas ruas.

As crianças, algumas com menos de 10 anos de idade, provêm principalmente da Albânia, Marrocos, Romênia e ex-Iugoslávia. O relatório diz que elas fugiram de famílias desintegradas desses países ou de centros de recepção. Em alguns casos, os menores são explorados por organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas e à prostituição.

O relatório afirma que 78% dos menores desacompanhados que chegam à Itália são atendidos por instituições oficiais e particulares. Eles são registrados, recebem permissão especial de permanência no país e têm um tutor designado para acompanhá-los. Enquanto isso, as autoridades procuram localizar suas famílias de origem. Mas se não forem encontradas, os menores são encaminhados para adoção ou colocados em centros especiais.

Boa parte dos jovens albaneses, eslavos e norte-africanos que chegam ao país escapa, porém, desses centros em 48 horas e as autoridades perdem o controle sobre sua situação. Nesses locais têm cama e comida, mas os jovens não vêem perspectiva de futuro ali, segundo Ugo Pastore, fiscal de menores da cidade de Ancona. “Falta coordenação entre as entidades encarregadas de recepcionar e encaminhar esses jovens”, diz ele.

Além dos que fogem para viver nas ruas, há milhares de outros menores cuja presença não chega ao conhecimento das autoridades e por isso sequer aparecem nas estatísticas. Seu destino é cair na marginalidade, seja praticando pequenos delitos ou servindo ao crime organizado. Estatísticas oficiais dizem que 17% deles praticaram em 2002 algum tipo de delito.

Melitta Cavallo, presidente da Comissão de Adoções Internacionais, afirma ser um erro repatriar esses jovens porque voltarão para as mãos dos que, talvez, os venderam. O que se precisa, diz ela, é de pessoal capacitado, inclusive, que falem a língua de origem dos menores, para ajudá-los a se integrar na nova cultura, estudar e se capacitar profissionalmente.

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