Correa troca ministro que negociava com Petrobras

Principal articulador das negociações com as petroleiras no Equador, o ministro de Minas e Petróleo, Galo Chiriboga, deixou o cargo na quarta-feira (8) – sem concluir o acordo com a brasileira Petrobras. Ele foi substituído pelo ministro da Coordenação de Setores Estratégicos, Derlis Palacios, que ganhou do presidente Rafael Correa a missão de “terminar o mais rápido possível a renegociação de contratos petroleiros”. Na cerimônia de transmissão de cargo, Correa voltou a ameaçar as companhias que não se adequarem ao novo modelo. Chiriboga alegou “motivos pessoais” para entregar o cargo.

No final de semana, o presidente do Equador ameaçou expulsar a Petrobras, reclamando da resistência da companhia em aceitar o novo contrato. Pela proposta equatoriana, as petroleiras passam a receber uma remuneração fixa pela operação dos poços petrolíferos e perdem o direito de vender a produção, que passa a pertencer à Petroproducción. Anteontem, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, disse-se surpreso com as declarações e afirmou que as negociações continuam.

Na posse de Palacios, Correa voltou a advertir “as empresas que não estiverem dispostas a aceitar condições justas para o país”. “Nós compraremos seus investimentos e elas vão buscar negócios em outra parte”, afirmou o presidente, segundo a agência oficial de notícias.

A Petrobras discute as condições do Bloco 18 e, segundo uma fonte próxima às negociações, os trabalhos estão centrados em definir um acordo transitório para ser implementado enquanto novos contratos são elaborados. A estatal já devolveu outra concessão que tinha no Equador, o Bloco 31, por considerar que o investimento não era viável sob as novas condições.

A empresa e o governo brasileiro, no entanto, tentam minimizar o impasse com Quito. Anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a companhia pode deixar o país, se considerar que os novos termos não são lucrativos. Em agosto, a Petrobras produziu uma média de 11,2 mil barris por dia no país vizinho, volume equivalente a 10% de sua produção internacional. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.