Coelho, um ótimo companheiro

Dono de orelhas bastante compridas em relação ao tamanho do corpo, pêlos macios, olhar dócil e focinho que se mexe de um lado a outro a todo momento, o coelho é o animal de estimação preferido de uma grande quantidade de crianças. Bastante procurado nas últimas semanas por ser considerado um dos símbolos da Páscoa (representando a fertilidade), o bichinho pode ser um ótimo companheiro.

Existem diversas raças de coelhos, geralmente diferenciadas por tipo de pelagem (pode ser curta, lisa, longa e até meio enrolada), cores e tamanhos. Porém, as características de comportamento e as necessidades básicas costumam ser comuns a todos os indivíduos. ?Os coelhos são ótimos para se ter em casa. Costumam ser extremamente dóceis, quietos, afetuosos, sociáveis e brincalhões?, conta o proprietário do aviário Três Sinos, que funciona no Mercado Municipal de Curitiba, João Waller.

No estabelecimento de João, costumam ser comercializadas três raças: o coelho nova zelândia, famoso por adquirir um papo macio depois de adulto; o borboleta, que possui pequenas manchas negras ao longo do corpo; e o califórnia, que é albino e tem como característica os olhos avermelhados. Os filhotes de todos são comercializados, em média, por R$ 10,00, o que faz com que a aquisição dos animais geralmente seja econômica – se comparada à compra de cães e gatos de raça e com pedigree.

A manutenção dos coelhos também costuma ser considerada barata. Em casas, eles podem viver soltos em quintais e jardins, desde que tenham onde se abrigar de sol forte, chuva e frio e não tenham por onde escapar para a rua. Em apartamentos, podem ser mantidos em gaiolas especiais. Estas devem ter uma grade colocada pouco acima do chão para que os animais não fiquem andando sobre as próprias fezes e urina. Abaixo da grade, a gaiola pode ser forrada com jornal, o que facilita a limpeza.

?É muito importante manter a higiene da gaiola para evitar que os animais fiquem doentes. As fezes dos coelhos são pequenas, sequinhas e podem ser removidas facilmente, não gerando muita sujeira. Porém, a urina costuma ter um cheiro forte, que muitas vezes desagrada aos proprietários. Para evitar que o cheiro se alastre, chegando a gerar incômodos, os jornais colocados na gaiola devem ser trocados pelo menos uma ou duas vezes ao dia?, informa João.

A alimentação deve ter como base uma ração especial, facilmente adquirida em pet shops. O preço do alimento normalmente varia de R$ 1,00 a R$ 1,50 o quilo. ?A ração atende a todas as necessidades alimentares dos coelhos.? Porém os donos também podem fornecer aos animais verduras, como folhas de couve e da chamada língua-de-vaca (geralmente encontrada na rua, em terreno baldios), cenouras e cascas de frutas, como maçãs.

?Só se deve evitar de dar repolho, pois o alimento pode provocar gases no animal e fazer com que ele fique com a barriga inchada, podendo até morrer?, afirma João. A beterraba também não é indicada por conter açúcar. Os alimentos podem ser deixados à vontade dentro da gaiola ou nas proximidades do abrigo do animal. Um pote com água limpa também deve ser deixado à disposição, com o líquido sendo substituído periodicamente.

Ao contrário de cachorros e gatos, os coelhos não precisam tomar banho, sendo que água e shampoo podem até lhes fazer mal. Diariamente, eles se limpam sozinhos, lambendo os próprios pêlos. Os momentos de higiene costumam divertir os donos, pois muitas vezes os animaizinhos ficam de pé sobre as patas traseiras e, com as patas dianteiras, puxam as orelhas para baixo, na tentativa de lambê-las.

?Quando recebem carinho e atenção, os coelhos reconhecem seus donos e alguns chegam até a responder pelo nome. São bons companheiros tanto para pessoas adultas quanto para crianças. Porém, como são muito sensíveis, não devem ser dados a crianças muito pequenas, que possam vir a derrubá-los ou mesmo apertá-los. Embora sejam dóceis e não costumem morder, quando apertados eles podem arranhar para tentar se defender?, finaliza João. 

Animais não geram muitas despesas com veterinários

Os coelhos também não costumam gerar muitas despesas no que diz respeito a cuidados veterinários. Ao contrário de outros animais, eles não precisam ser vacinados.

?Apenas os coelhos de grandes criações necessitam, de vez em quando, ser vacinados contra uma doença chamada mixomatose (que é provocada por vírus e costuma se manifestar através de problemas respiratórios e diarréia). Os animais domésticos não precisam de nada?, diz o médico veterinário Renato Corrales, que atende pequenos animais e espécies silvestres.

Quanto à desvermifugação, os coelhos devem receber vermífugos a cada quatro meses. O produto, que é comercializado em forma líquida, é dado via oral. Para evitar pulgas, os bichinhos devem ser escovados periodicamente. Alguns veterinários também costumam indicar antipulgas normalmente utilizados em gatos.

Nas gaiolas, a temperatura deve ser mantida estável. Isto porque os animaizinhos não suportam lugares com menos de 4ºC e mais de 29ºC, podendo vir a morrer.

Doenças

Embora considerados bastante resistentes, chegando a viver sete anos, os coelhos também podem ficar doentes quando mantidos em ambientes domésticos. A enfermidade mais comum costuma ser a coccidiose, também chamada de eimeriose, que é causada por protozoário e provoca quadros de diarréia de leve à moderada, podendo levar a óbito. ?O coelho adquire a doença através do solo, alimentos e água contaminada ou mesmo pelo contato com as fezes de outros coelhos doentes. O tratamento é feito com uso de antibióticos e medicamentos voltados aos sintomas.?

A doença pode ser passada a seres humanos, provocando vômitos e diarréia. Porém isso não é comum e, de acordo com o veterinário, não precisa ser motivo de grande preocupação no momento da aquisição de um coelho, pois que cães e gatos também podem transmitir doenças a adultos e crianças quando não são tomados os cuidados de higiene necessários.

Depois da coccidiose, costuma ser freqüente a sarna de ouvido, na qual são verificadas pequenas feridas nas orelhas, patas e focinho, além de queda de pêlo. A doença não é considerada fatal. Problemas também costumam aparecer quando o animal se lambe muito e engole uma grande quantidade de pêlos, sendo verificada uma bola de pêlo no estômago. Para tratar o problema, que provoca inchaço na região abdominal, é recomendado o uso de laxantes. (CV)

Fêmea chega a parir até dez filhotes por gestação

O fato de os coelhos serem considerados símbolos de fertilidade se deve à rapidez com que eles se reproduzem e à grande quantidade de filhotes que são capazes de gerar.

Quando casais, são mantidos em um mesmo espaço físico, como geralmente acontece em grandes criadouros. O número de animais se multiplica facilmente, agradando aos proprietários e gerando-lhes lucros.

De acordo com o veterinário Renato Corrales, cada fêmea é capaz de parir até dez filhotes  por gestação. O parto geralmente acontece naturalmente, sem a necessidade de auxílio de veterinário, o que muitas vezes acontece com cães e gatos.

?O período de gestação dos coelhos é de 33 dias. Depois, a fêmea fica trinta dias amamentando os filhotes. Quando o tempo de amamentação termina, ela já está pronta para ficar prenha novamente?, explica. Desta forma, fêmeas mantidas em criadouros costumam se reproduzir de quatro a seis vezes a cada ano. (CV)

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