Aviação americana bombardeia Basra e Bagdá

Aviões de guerra dos Estados Unidos bombardearam nesta sexta-feira (28) a cidade de Basra pela primeira vez desde o início, esta semana, de choques entre as forças locais de segurança de grupos milicianos xiitas, informou nesta sexta-feira (28) um oficial do Exército da Grã-Bretanha. Em Bagdá, um helicóptero americano lançou um míssil durante um confronto com milicianos no bairro xiita de Cidade Sadr. Os americanos afirmam que quatro insurgentes foram mortos, enquanto policiais iraquianos dizem que cinco pessoas foram mortas e eram civis.

Desde que os confrontos começaram na terça-feira (25) entre as milícias xiitas e as forças do governo iraquiano, em Basra, 150 pessoas foram mortas no Iraque. Nesta sexta-feira (28), os combates se espalharam para as cidades de Mahmoudia, Nassíria e Kut, onde 26 pessoas perderam as vidas por causa da violência, segundo informações da polícia iraquiana.

O apoio aéreo americano às forças iraquianas de segurança expõe a gravidade da escalada de violência registrada ao longo das últimas semanas em diferentes regiões do Iraque.

No caso de Basra, as forças iraquianas pediram à coalizão militar liderada pelos EUA no Iraque que bombardeasse pelo menos dois locais, prosseguiu o oficial britânico sob condição de anonimato. A fonte disse não poder fornecer informações adicionais sobre os alvos atacados nem sobre as possíveis vítimas dos ataques aéreos.

Aviões militares sobrevoavam Basra havia três dias. Principal pólo de exportação de petróleo do sul do Iraque, Basra é a terceira maior cidade do país. A área era controlada por militares britânicos até dezembro do ano passado, quando toda a responsabilidade pela segurança na região foi transferida aos iraquianos.

Na capital iraquiana, apesar da imposição de um toque de recolher, mais foguetes e morteiros atingiram a Zona Verde nesta sexta-feira (28). Pelo menos dois guardas encarregados da segurança de um dos vice-presidentes do Iraque morreram.

Lubna al-Hashemi, filha do vice-presidente sunita Tariq al-Hashemi, disse que além dos dois mortos, pelo menos cinco guarda-costas de seu pai ficaram feridos nos ataques de de sexta (28).

A Zona Verde – área fortificada onde situam-se as sedes das principais instituições do governo iraquiano e as representações diplomáticas de países com relações com Bagdá – foi atingida por diversos foguetes e morteiros esta semana.

Pelo menos dois civis americanos morreram nos ataques dos últimos dias e dezenas de pessoas ficaram feridas, informou a Embaixada dos Estados Unidos em Bagdá.

Árabes xiitas estão descontentes com o comportamento do primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, um xiita que tem supervisionado pessoalmente a campanha militar contra as milícias, dominadas por seguidores do clérigo radical Muqtada al-Sadr.

Diferentes grupos milicianos vêm lutando pelo poder em Basra, no sul do Iraque, perto da fronteira com o Irã. A repressão aos milicianos ameaça acabar com uma trégua unilateral observada desde meados do ano passado pelo Exército Mehdi, leal a Sadr.

Seguidores de Sadr denunciam que o governo está se aproveitando da trégua para esmagar a milícia. O governo iraquiano alega estar combatendo grupos criminosos.

Também nesta sexta-feira (28), Maliki estendeu um ultimato feito esta semana ao Exército Mehdi. O ultimato original, de 72 horas, expiraria nesta sexta-feira (28). Mas na sexta (28), Maliki apresentou o prazo de 8 de abril para que a milícia leal a Sadr deponha as armas.

"É um desejo do governo dar uma oportunidade àqueles que possuem armamento médio e pesado de entregá-lo às forças de segurança, por isso a data limite foi estendida até 8 de abril, em vez de 28 de março", afirma o comunicado.

O ultimato anterior ameaçava os milicianos xiitas com "graves castigos" caso não entregassem as armas.

Na sexta (28), agências humanitárias alertaram que Basra, uma cidade de 1,3 milhão de habitantes, só tem suprimentos de água potável garantidos para mais dois dias.

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