Atleta busca em Pequim o sonho da primeira medalha Palestina

Os mísseis não impedem seus treinamentos, seus tênis de corrida não estão em bom estado e cada vez que precisa pedir permissão para deixar a Faixa da Gaza enfrenta grandes dificuldades. Armado de "fé e confiança em si" o atleta palestino Nader al-Masri está determinado em realizar seu grande sonho de se tornar o primeiro palestino a vencer uma medalha olímpica.

"Quero levantar a bandeira palestina e vencer pela minha cidade e pelo meu país", disse Masri, um dos quatro integrantes da equipe palestina, único representante da Faixa de Gaza, que espera competir na China. Masri, de 28 e pai de três filhos, irá disputar a prova de 5 mil metros. Ele treina todos os dias em Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, correndo através de áreas bombardeadas e passando próximo dos postos armados israelenses.

"Corre Nader, corre", é o apoio dado por adultos e crianças durante seus treinamentos. "Quando comecei a correr pelas ruas de Beit Hanoun as pessoas me diziam que eu era muito magro e que a corrida me faria emagrecer mais ainda. Agora eles me apóiam e me acompanham", disse o atleta.

Os treinamentos de Masri são diferentes daquele dos seus colegas de outros países. A federação palestina lhe dá US$100 por mês que, no entanto, não são suficientes para uma preparação de alto nível.
Seu melhor tempo é de 14’25”, quase dois minutos atrás do recorde mundial do etíope Kenenisa Bekele (12’37”35), mas Masri está convencido que pode melhorá-lo em 40 segundos.

Masri costuma correr pelas ruas de Beit Hanoun ou no estádio de Gaza, utilizado mais freqüentemente por manifestações das facções palestinas que por eventos esportivos. Devido ao bloqueio gerado pelo conflito palestino-israelense, fica difícil para os habitantes de Gaza viajarem para o exterior. Marsi recebeu apenas uma permissão especial para ir a Pequim após não ter podido participar de oito competições internacionais.

Os palestinos foram pela primeira vez às Olimpíadas em 1996, em Atlanta, tendo enviado uma delegação também aos Jogos de Sydney 2000 e de Atenas 2004. Atualmente, no entanto, falta financiamento e a possibilidade de vencer uma medalha é bastante remota. Há também a delicada situação em Gaza, tanto que, a casa de Masri já foi atingida uma vez por mísseis israelenses.
Masri estará acompanhado de outros três atletas em Pequim, o velocista Ghadeer Ghroof, de Jericó, e os nadadores Hamza Abdu, de Jerusalém, e Zakeya Nassar, de Belém.

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