Argentina condena casal por tomar filha de desaparecido

A Justiça argentina condenou nesta sexta-feira (4) o ex-capitão do Exército Enrique Berthier e os civis Osvaldo Rivas e María Cristina Gómez Pinto, acusados pelo seqüestro e mudança de identidade de María Eugenia Sampallo Barragán, separada dos pais quando bebê. Este foi o primeiro julgamento no qual uma filha de desaparecidos da ditadura militar (1976-83) processou seu próprio seqüestrador e os cúmplices, seus pais adotivos. Os advogados da vítima pediram 25 anos de prisão, mas os juízes determinaram oito e sete anos para Rivas e María Cristina, respectivamente, e dez ano para Berthier.

María Eugenia, nascida no cativeiro quando sua mãe estava presa, recusa-se a chamar Rivas e María Cristina de ?pais adotivos?, aos quais acusa de ?crueldade e perversão? por seu seqüestro. O casal nunca escondeu que ela era adotada, mas não lhe contou que seus pais biológicos eram Mirta Mabel Barragán e Leonardo Sampallo, militantes políticos que haviam sido detidos pelos militares, torturados e assassinados. Mirta estava grávida de seis meses quando foi detida, em dezembro de 1977. Segundo uma das testemunhas, vizinha da família, o casal maltratava María Eugenia desde criança.

Até agora, os processos haviam sido iniciados por parentes das crianças seqüestradas e organismos de defesa dos Direitos Humanos. Estima-se que mais de 500 crianças foram seqüestradas pelos militares. Os bebês eram destinados a famílias de militares ou casais de amigos dos torturadores. A organização das Avós da Praça de Maio conseguiu localizar e devolver a identidade a 88 crianças seqüestradas. María Eugenia conheceu sua verdadeira identidade em 2001. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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