África: 35 imigrantes morrem de sede no Saara

Cerca de 35 imigrantes que tentavam fugir da pobreza em seus países de origem morreram de sede depois de aparentemente terem sido abandonadas por traficantes de seres humanos no Deserto do Saara. A denúncia foi feita hoje por Rhissa Feltou, prefeito da cidade de Arlit, no norte do Níger.

Acredita-se que o trágico desfecho da travessia tenha ocorrido há duas semanas, mas as autoridades locais só tomaram conhecimento agora, depois que um grupo de sobreviventes conseguiu sair do deserto. Há diversas mulheres e crianças entre as dezenas de vítimas.

De acordo com Feltou, pelo menos 60 pessoas viajavam a bordo de dois caminhões, mas um dos veículos sofreu uma pane e parou a cerca de 50 quilômetros de Arlit, na estrada de areia que leva a Tamanrasset, no sul da Argélia.

“Eles provavelmente estavam tentando chegar ao Mediterrâneo para ir para a Europa, ou talvez até parar procurar trabalho na Argélia”, especulou.

O caminho é uma conhecida rota usada por traficantes para levar pessoas até o norte da África, de onde tentam embarcar em navios clandestinos com destino à Europa.

Mais de 20 pessoas sobreviveram, mas ainda não é possível determinar com exatidão quantas pessoas morreram. Até o momento, cinco corpos foram recuperados.

O prefeito de Arlit disse que pelo menos 35 pessoas morreram. “Muitas dessas pessoas tentaram continuar a pé, mas não conheciam o deserto”, lamentou.

A notícia vem à tona em meio ao debate sobre o tráfico de seres humanos deflagrado pelo naufrágio, no início do mês, de uma embarcação clandestina na costa da Lampedusa. Mais de 350 imigrantes africanos morreram na tragédia.

Todos os anos, dezenas de milhares de pessoas fogem da miséria na África em busca de melhores condições de vida em outros países, principalmente na Europa, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Muitos, porém, não ficam pelo caminho, seja na traiçoeira viagem pelo deserto ou na perigosa travessia do Mar Mediterrâneo.

Um relatório elaborado pela ONU em 2011 afirma que os traficantes cobram o equivalente a até US$ 3 mil por pessoa para transportá-las até o norte da África e para a Europa. A maior parte das viagens ocorre entre novembro e março. Fonte: Associated Press.