Acusação do FBI no caso da maleta é ‘infame’, diz Chávez

Em um discurso de quatro horas, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, rompeu ontem à noite o silêncio que mantinha desde que o escândalo da maleta veio à tona, qualificando como "infames" as acusações americanas de que os US$ 800 mil levados de Caracas a Buenos Aires pelo empresário Guido Antonini Wilson seriam destinados à campanha presidencial de Cristina Fernández de Kirchner, informou o jornal argentino La Nación.

Chávez afirmou que as investigações do FBI que atribuíam fins ilícitos para o dinheiro carregado por Antonini teriam a intenção de agredir os governos venezuelano e argentino. Com argumentos similares aos declarados pelo governo da Argentina, Hugo Chávez acredita que as acusações americanas pretendem afastar os dois presidentes, pois os Estados Unidos querem continuar "exercendo sua hegemonia" e, para isso, utilizam a "chantagem", prosseguiu o La Nación.

"Os Estados Unidos reinam sobre mentiras para minar não somente o governo venezuelano, mas também o argentino", disse Chávez. "Cristina já havia dito: ‘não me pressionarão’. Deixo aqui, um abraço e um beijo, pela coragem e valentia", acrescentou.

O presidente da Venezuela afirmou ainda que os Estados Unidos temem a integração da América Latina e, por isso, disseminaram o caso da maleta em agosto de 2007. Questionado sobre sua relação com Antonini, Chávez desmente qualquer tipo de vínculo com o empresário.

"O escândalo da mala"

Em 4 de agosto último, o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson foi interceptado na alfândega argentina quando voltava de Caracas. Em sua maleta foram encontrados US$ 800 mil que, segundo o FBI, seriam destinados à campanha presidencial da então candidata Cristina Fernández de Kirchner.

Segundo o subprocuradora federal da Flórida Thomas Mulvihill, um dos acusados disse, numa conversa gravada pelo FBI, que o dinheiro era para a campanha de Cristina. De acordo com um documento, depois que Antonini abandonou o dinheiro e retornou à Flórida, os quatro agentes venezuelanos detidos nos EUA tiveram uma série de reuniões com ele para pressioná-lo a esconder que o governo da Venezuela seria a fonte dos fundos. Os promotores disseram que os venezuelanos estariam "operando ilegalmente no sul da Flórida como agentes de governos estrangeiros".

O episódio ficou conhecido, durante a campanha eleitoral, como "o caso da mala" e provocou a demissão do presidente da petroleira estatal venezuelana PDVSA na Argentina e vice-presidente geral da empresa, Diego Uzcategui Matheus.

O filho dele, Daniel Uzcategui Spetch, de 18 anos, foi acusado de ter convidado o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson a embarcar no jatinho alugado pela estatal argentina Enarsa, na viagem realizada entre Venezuela e Argentina, dois dias antes da chegada do presidente venezuelano a Buenos Aires. Quando surgiu o escândalo, o presidente Chávez disse que era "caso de polícia" e destacou tratar-se de mais uma ação "conspirativa" do "império americano".

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