A final de contas por que a guerra EUA Iraque?

Uma grande parte dos protestos encadeados no mundo contra a agressão das forças armadas norte americanas contra o Iraque estão relacionadas com questões morais, principalmente a desigualdade de condições dos dois países, isto é, a grande superioridade das forças norte-americanas como também as grandes diferenças entre as condições de vida das populações de cada país, principalmente o grau de pobreza de uma grande parte da população iraquiana. Mas além da indignação atrás dos muitos protestos e além da propaganda do governo norte-americano sobre a necessidade de remover o Saddam Hussein do poder, outros aspectos que explicam a guerra têm sido ofuscados na grande imprensa.

De acordo com a análise do professor Igor Fuser, da Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero, no seu artigo “Os verdadeiros motivos da guerra” (Revista Teoria e Debate, 53, 2003) os motivos alegados foram a “ameaça” aos EUA das armas iraquianas de destruição em massa e a insinuação de que o Iraque fazia parte dos países do “eixo do mal” e é aliado dos grupos terroristas, e por fim a necessidade de salvar o povo iraquiano com a implantação da democracia naquele país. Na realidade essa guerra representaria a primeira oportunidade de lançar mão da chamada “doutrina Bush”, onde a violação dos direitos humanos num determinado país poderia suscitar a intervenção norte-americana para “corrigir” o erro cometido pelo governo criminoso. Como também, a doutrina reza que o governo norte-americano teria “direito” de utilizar a força contra o governo que coloca sua segurança em risco.

Mas o que a grande imprensa não divulga é que os EUA, com apenas 12% da população mundial, já consome sozinho 25% do consumo mundial de petróleo, embora sua produção nacional representa apenas 2% das reservas globais.

Atualmente 55% daquele petróleo que consomem é importado, podendo chegar a uma cifra bem maior em 2020. Fuser chama atenção para o fato de que 66% dos estoques mundiais de petróleo estão localizados no Oriente Médio, o que nos ajuda a compreender o grande interesse norte-americano para o que acontece naquela região. O controle norte-americano do Iraque implica na eventual privatização das reservas de petróleo iraquianas, assim fazendo com que as grande multinacionais norte-americanos fizessem comércio. Renato Pompeu no seu artigo “A complexa guerra do complexado Bush filho ” (Caros Amigos, 73, abril, 2003) lembra que o Iraque tem as segundas maiores reservas de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita “. Exatamente livrar-se da excessiva dependência em relação ao petróleo saudita é um dos objetivos da política externa, armada ou não dos EUA….

A guerra do Iraque se enquadra num padrão de intervencionismo americano, que vai da Colômbia às Filipinas, passando por Kosovo. Há bases militares dos EUA em 132 países e o próprio Brasil está incluído com a cessão da base de Alcântara”…

Victor Vincent Valla

pesquisador da Fiocruz, titular na Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense/UFF, fundador do Centro de Estudos e Pesquisas da Leopoldina, RJ. Rede de Cristãos.

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