Motorista desmonstra que está acuado em depoimento a CPI

Brasília – No depoimento que presta à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o motorista Éder Macedo Soares, que teria transportado os US$ 3 milhões (R$ 6,96 milhões, em valores atualizados), supostamente doados pelo governo de Cuba para o caixa dois do PT, demonstra que está acuado. As respostas de Soares são evasivas, ele confundiu-se, ao explicar a contratação da advogada que o acompanha e o semblante dele, segundo o vice-presidente da CPI, senador Morazildo Cavalcanti (PTB-RR), é de quem está "dopado".

Cavalcanti sugeriu que o depoimento seja cancelado e que Soares seja ouvido mais uma vez, tendo antes feito um exame antidoping. O motorista afirmou que transportou, em meados de 2002, o então assessor do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, quando este era prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, Ralf Barquete, da capital paulista para Campinas (SP), e que lá teriam recebido outro auxiliar, o economista Vladimir Poleto. O motorista disse que não saiu nenhuma vez do carro e que duas vezes Barquete teria lhe pedido que abrisse o porta-malas do Ômega blindado para colocar algo dentro. Mas que não sabia o que era.

O presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), ironizou, dizendo que outro motorista teria se levantado para ajudar o passageiro. Mas Soares disse ter recebido ordens da locadora, pertencente a outro amigo de Palocci, para não sair do automóvel, a não ser que o passageiro fizesse um pedido expresso para tanto. O motorista disse que conseguiu o trabalho no Ministério da Fazenda no Rio com o assessor do ministro da Fazenda Ademirson Ariovaldo da Silva, que também costumava usar o serviço da locadora. Soares disse que, graças ao emprego, se transferiu de São Paulo para o Rio, onde mora em Nova Iguaçu. Ele não soube explicar, porém, como contratou a advogada Stela Cristina Nakazato, que vive na capital paulista.

Soares disse que teria ligado de um telefone público para um advogado chamado Hélio, que teria conhecido quando era motorista de táxi, para pedir uma indicação. Soares, porém, não soube dizer o número do telefone de Hélio e nem como foi esse contato, o que reforça a suspeita da CPI de que Cristina é paga por quem têm interesse em não revelar o que de fato ocorreu naquela época.

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