Morre aos 79 anos o poeta Moacyr Félix

Morreu hoje, no Rio, o poeta Moacyr Félix, aos 79 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. "Recebemos a notícia na Academia. É um acontecimento trágico para a cultura brasileira, tão frágil hoje. Uma pessoa de mérito que vai fazer falta", declarou o secretário-geral da Academia Brasileira de Letras (ABL), Evanildo Bechara. "Eu não tinha uma relação próxima, mas soube que estava com a saúde debilitada pela doença, vivendo numa cadeira de rodas." A ABL programou uma homenagem, que deverá ocorrer durante a sessão plenária de quinta-feira.

O poeta foi preso em 1966, durante o regime militar, por suas manifestações a favor da liberdade de expressão. Na década de 50, foi colaborador do jornal de cultura do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Paratodos, dirigido por Jorge Amado e Oscar Niemeyer. Dirigiu, de 1963 a 1971, a coleção Poesia Hoje, da Civilização Brasileira.

"O socialismo poético-libertário de Moacyr Félix representa uma face perene do sentimento de solidão do poeta, como todo exílio, mas também o protesto e a reivindicação social de um futuro melhor para sua gente e sua terra. Seu exílio não é uma evasão, mas uma revolta", escreveu o crítico Alceu Amoroso Lima.

Em 1960, Moacyr Félix recebeu do Instituto Nacional do Livro o prêmio de melhor livro de poesia, por O Pão e o Vinho. Na época, ele escreveu na "Crônica da Escandinávia para uma sueca chamada Birgitta’, dedicada a sua mulher: "Sim, apenas o homem e seu salgado desencanto/a dissolver-se nas veias de mais um novo encantamento./Apenas um homem que nasce e morre sempre/dentro da noite como a luz/de um farol que se apaga e que se acende."

O velório será amanhã (26), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona norte do rio, a partir de meio-dia.

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