Ministério negocia novo índice de inflação para reajustar preços da telefonia

Um novo índice de inflação para orientar o reajuste dos serviços de telefonia
está em estudo no Ministério das Comunicações. O Índice de Serviços de
Telecomunicações (IST) deverá substituir o atual indicador usado para esse fim,
o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), já em 2006, quando
os contratos de concessão do setor devem ser renovados. Uma composição de vários
índices de inflação atualmente em vigor resultará no IST. Em entrevista coletiva
concedida hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou esse tipo de
mudança como um dos caminhos para combater a inflação no país sem aumentar os
juros.

A criação do IST é, segundo a assessoria do ministério, um desejo
do ministro Eunício Oliveira. Isso porque o IGP-DI é um índice de "alto custo
para a sociedade", conforme explica o pesquisador do Instituto de Pesquisas
Econômicas (Ipea) Luis Cláudio Kubota. "O IGP-DI capta as alterações do mercado,
como a variação do dólar, o que gera um ‘aumento’ da inflação", argumenta. No
entanto, Kubota ressalva que, atualmente, a baixa cotação do dólar torna o
IGP-DI um indicador favorável ao consumidor.

O idealizador do IST, o
professor da Universidade de Campinas Luciano Coutinho, revela que o índice, na
prática, não é muito diferente do indicador vigente. Segundo ele, o IGP-DI
influencia em até 40% no IST. "O índice de serviços de telecomunicação levará em
conta os diversos índices, como IPCA, IPA-IT, IGP-DI e IGP-M", conta. Ele
acrescenta que o objetivo principal do nova referência é revelar as efetivas
variações dos custos operacionais das telecomunicações.

A alteração dos
índices é, para o presidente Lula, uma das alternativas para driblar a inflação
sem modificar as taxas de juros. "O controle da inflação de hoje tem coisas que
não tinha há 21 anos atrás, há 30 anos atrás. Hoje, tem uma parte dos preços
dolarizados, como uma parte dos preços com contratos feitos há algum tempo
atrás, no setor de telefonia, no setor energético, no setor de telecomunicações,
sobretudo. Ou seja, que você precisa fazer acordos, se você quiser mudar do IGPM
para o IPCA, você tem que fazer acordos, muita conversa, muita reunião",
relatou, nesta sexta-feira, na entrevista coletiva que concedeu a jornalistas no
Palácio do Planalto.

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