Milagre econômico

Nada mais estimulante que a chegada do ano eleitoral para fazer o governo abrir o saco de bondades.

A messe começou com o anúncio feito pelo ministro Antônio Palocci, do surpreendente e ainda não explicitado ?acordo social? para fazer a economia brasileira crescer a taxas superiores a 5% nos próximos anos.

A política fiscal seria mantida, segundo a repentina iluminação do ministro, mas o governo, afinal, seria disciplinado a gastar menos e melhor. O acordo social fará o Brasil entrar num processo contínuo de investimentos e, em poucos anos, haverá um crescimento econômico sem precedentes.

Palocci falou de esforço suprapartidário, de mobilização das principais lideranças nacionais e essas coisas destinadas a botar pra cima o entusiasmo da platéia. Como se, entre nós, a projeção de sonhos de expansão da economia e progresso para a maioria da população fosse conversa nova.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, em contexto similar, mas não necessariamente combinado com o ministro da Fazenda, citou a Previdência como principal fator de pressão dos gastos do governo e responsável pela elevação da carga tributária e juros altos. Não explicou como a questão será resolvida, mas admoestou que meras abstrações discursivas não resolvem os problemas.

Os cálculos indicam que a Previdência consumirá cerca de 9% do PIB no próximo governo, fazendo a carga tributária bater em 40% do PIB em futuro recente. Enfim, o desafio de gastar menos e melhor, com ganhos sociais da população, será o verdadeiro milagre econômico.

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