Mercado interno atrai investimento, aponta levantamento da FGV

O investimento no segundo semestre será puxado pela indústria voltada para o mercado interno. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que mais da metade (52%) das empresas com foco no consumo doméstico elevará seus investimentos no segundo período do ano, mais que o dobro do porcentual entre as empresas exportadoras, de 25%.

O dinamismo do mercado interno e os efeitos do câmbio valorizado sobre as vendas externas explicam os resultados, na avaliação dos especialistas que acompanham o assunto.

O levantamento foi feito a pedido do Estado, com base na Sondagem Industrial, da FGV, sobre investimentos.

Das 1.075 indústrias pesquisadas, foram isolados resultados de dois grupos específicos. Um com as 136 empresas da amostra que vendem mais de 90% do que fabricam ao mercado interno. Elas empregam 202 mil pessoas e movimentam R$ 83 bilhões ao ano. Outro com as 67 empresas que exportam mais da metade do que produzem, empregam 127 mil e faturam R$ 52 bilhões ao ano.

?Houve uma distinção muito grande dos resultados desses dois grupos. O segmento exportador está com expectativa menos favorável aos investimentos. O lado bom dos dados é em relação às empresas que atuam principalmente no mercado doméstico?, disse o coordenador das sondagem conjunturais da FGV, Aloisio Campelo Jr.

O economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marcelo Nonemmberg avalia que os resultados da pesquisa ?são consistentes com o que era esperado?, por causa do cenário atual.

Segundo Nonemmberg, o segmento manufatureiro é o mais afetado pela valorização do real. ?Os manufaturados estão perdendo dinamismo na pauta. Então é natural que as empresas que se dedicam mais às exportações invistam menos do que às voltadas ao mercado interno?, diz o especialista, lembrando que a expectativa para os próximos anos é maior crescimento da economia.

Os dados mostram que, enquanto mais da metade das empresas que vendem mais no País quer investir mais, apenas 14% projetam redução.

Por segmentos, os resultados mostram que, nesse grupo, a maior propensão a investir está entre os fabricantes de bens de capital (68%), de material de construção (61%) e de bens de consumo (57%).

Apenas 41% das indústrias de bens intermediários, contudo, projetam investimentos maiores para o segundo semestre. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz que os resultados não surpreendem.

?Com a rentabilidade das vendas externas caindo, é natural que as empresas francamente exportadoras não queiram investir numa atividade que não gera retorno?, afirma Castro.

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