Mercado eleva estimativa de inflação para 5,52% neste ano

As projeções do mercado financeiro para a inflação deste ano subiram de 5,33% para 5,52% na pesquisa semanal Focus divulgada hoje (14) pelo Banco Central (BC). "O aumento é um reflexo direto do fato de a inflação de outubro ter vindo acima do que se esperava", disse o economista-chefe do Concórdia Corretora, Elson Teles. Ele lembrou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro ficou em 0,75%, enquanto o mercado esperava algo mais próximo dos 0,60%.

Teles não descarta a possibilidade de que as estimativas de inflação para o ano venham a sofrer novas elevações nas próximas semanas. "Não descarto a hipótese de o IPCA ficar em 5 60% neste ano", disse o economista-chefe da Concórdia. Mesmo assim, ele não considera que este cenário mais negativo para o comportamento dos preços seja suficiente para levar o BC a interromper a trajetória de redução dos juros. "Acredito que os juros deverão cair 0,50 ponto porcentual neste mês e em dezembro", disse.

A alta dos preços, na visão do economista da Concórdia, impedirá, no entanto, uma queda maior dos juros nos próximos meses. "Acho que só teremos uma redução mais expressiva em janeiro do próximo ano", disse. Ele lembrou que, depois da divulgação do resultado negativo da produção industrial no terceiro trimestre, muitos analistas começaram a avaliar que a taxa de juros poderia recuar 0,75 ponto já neste mês. "Com a inflação de outubro, as análises voltaram a ficar mais conservadoras", disse.

A eventual saída do ministro da Fazenda, Antonio Palocci do governo também poderá dificultar um corte maior dos juros no curto prazo. "Com todo o noticiário sobre o assunto, já tivemos hoje uma volta da depreciação do câmbio", disse. Isto, segundo o economista, poderá atrapalhar o BC no trabalho contra a inflação uma vez que a taxa de câmbio afeta as expectativas de comportamento dos preços dos agentes econômicos. "A saída do Palocci pode ser outro motivo para que os juros continuem tendo cortes de 0,50 ponto porcentual", comentou.

A pesquisa do BC registrou, ao mesmo tempo, uma queda das previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 3,30% para 3,20%. "Acredito que estas projeções cairão mais até a divulgação do resultado do PIB no terceiro trimestre", disse. Após esta divulgação, Teles acha que as estimativas de expansão do PIB passarão a ficar abaixo da marca dos 3%. "Teremos este ano um crescimento entre 2,7 e 2,9%", disse. Para o economista da Concórdia, o resultado do PIB no terceiro trimestre deverá ficar negativo. "Será o primeiro negativo depois de oito trimestres consecutivos", disse.

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