Mercadante resgata discurso em que Virgílio diz que CPI é denuncismo

Para fechar um acordo para adiar a instalação da comissão parlamentar de
inquérito (CPI) dos bingos o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante
(PT-SP), apresentou na reunião dos líderes partidários, hoje, um discurso
antigo, de maio de 2001, do líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM). No
pronunciamento, Virgílio defendeu o governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso do "denuncismo" feito pelo PT e fazia previsões sobre uma eventual
gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva exposta a diversos pedidos de
CPI.

Na época, Virgílio era líder do governo no Congresso e disse que, "a
continuar o clima de denuncismo – não com o meu apoio porque golpista não sou -,
um eventual presidente Lula não duraria seis meses no poder".

"Se ele
(Virgílio) propusesse a instalação da CPI dos bingos e das outras CPIs, eu
lembraria que ele disse que isso era golpe. Mas como ele apoiou a não-instalação
das CPIs, apenas o elogiei pelo discurso", disse Mercadante. Os tucanos não
gostaram, no entanto, da manobra do líder do governo e reagiram com irritação.
Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), "é preciso parar com essa história de
golpe".

"Não estamos discutindo golpe. Estamos discutindo roubo,
corrupção brava e delinqüência no governo federal. Mas ninguém quer que o Lula
caia", afirmou.

Jereissati criticou Lula por deixar que representantes de
movimentos sociais enchessem ontem (22) o Palácio do Planalto com bandeiras. "Vi
uma cena que me chocou na sala da Presidência da República: o presidente cercado
de bandeiras como se tivesse se preparando para um grande movimento de
mobilização de caráter político a la Hugo Chavez", disse o tucano. A oposição
tem acusado o governo de Lula de adotar o modelo autoritário e populista do
presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "O PSDB exige respeito do governo. O nosso
partido trata-se de um grupo e não de golpistas", reagiu Virgílio. Os senadores
petistas Flávio Arns (PR) e Cristóvam Buarque (DF) condenaram a linha de atuação
parte do PT que acusa a oposição de apostar no "golpismo" com a desestabilização
de Lula. "A gente está errando e está pondo a culpa nos outros. É brincar com
fogo. É uma burrice. O governo não ganha nada com o acirramento com a oposição",
observou Buarque.

Voltar ao topo