Mensagem coerente

Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo primaz do Brasil e de Salvador, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), homem de grande prestígio e respeito nos meios católicos e, por sua autoridade moral, nas demais confissões religiosas, na costumeira mensagem de final de ano expressou justa ansiedade pela redenção social de extensas camadas da sofrida população brasileira.

O cardeal chamou a atenção, mais uma vez, para a concentração da renda, além de favorecimentos indesculpáveis a quem já possui além dos limites da razão, dizendo que a riqueza de poucos faz falta aos milhões marcados pela indigência.

Parte da mensagem foi dedicada ao desempenho do governo Luiz Inácio, cujas promessas de contribuir para a melhoria da qualidade de vida daqueles que arcam com o desprezo histórico da marginalização, quando se trata do acesso às benfeitorias de iniciativa governamental.

A fala de dom Agnelo foi oportuna e adequada ao momento vivido pelo País, pois os sentimentos de frustração e perdas irrecuperáveis no processo de aperfeiçoamento da democracia, passaram a integrar o rol de preocupações imediatas da sociedade.

O arcebispo tem em conta a opinião que muito além da solidez de indicadores econômicos, elementos avaliados e esgrimidos apenas em círculos diminutos da alta finança internacional, mais proveitoso seria garantir que o sucesso da política econômica fosse revertido em favor da maioria.

Com a aproximação do ano eleitoral, quando os candidatos desentocam as promessas de sempre sem a menor consideração com a memória dos eleitores e, tampouco, com o dever de cumpri-las se eleitos, o primaz apelou aos pretensos candidatos no sentido de assumirem compromissos efetivos com educação, saúde, distribuição de renda e trabalho.

Ao presidente da República endereçou advertência explícita, cobrando não apenas a punição dos agentes da corrupção, mas acima de tudo a devolução dos valores criminosamente subtraídos das instituições públicas.

No balanço final do ano, momento em que alguns têm a ventura de ver espocar as rolhas do melhor champanhe, mas uma legião sem conta limita-se a apreciar de muito longe a esfuziante comemoração, faria bem refletir com seriedade na máxima do evangelho que recomenda a partilha do pão com os necessitados.

Feliz Natal!

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