Meirelles: “se políticas forem mantidas, crise política não afetará economia”

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, garante que a crise política
que enfrenta o Brasil não terá efeitos sobre a economia do país enquanto as
políticas macroeconômicas forem mantidas como estão. "Nenhum país resistiria a
erros de política econômica. A economia sofreria em algum momento. Mas no
momento que os mercados acreditam na consistência da política econômica será
mantida, não há porque esperar complicações mais sérias. O problema político se
torna relevante para a economia se ele afeta a condução da política econômica",
afirmou Meirelles, que está na Basiléia, na Suíça, para reuniões no Banco de
Compensações Internacionais (BIS). "Vemos que a economia brasileira está
preparada para resistir não apenas a eventos externos, mas também internos, como
os debates políticos que ocorrem", disse.

Evitando responder aos rumores
de que poderia sair do governo, Meirelles acredita que a reforma ministerial
será "positiva, se for mantida a política econômica". "O Brasil está aplicando
uma política econômica que está dando certo e isso mostra que é uma política que
deve ser seguida, independentemente de pessoas. O controle da inflação e o
equilíbrio fiscal são conquistas da sociedade brasileira", disse.

As
pressões de membros do próprio governo, entre eles o vice-presidente José
Alencar, para uma queda das taxas de juros parecem não afetar o presidente do
BC. "Essa é a beleza da democracia", disse.

Ele deixou claro mais uma vez
que os juros serão mantidos nos atuais níveis "pelo tempo que seja necessário".
"Os números falam por si. As exportações continuam a mostrar forca, há um
crescimento do emprego e uma política monetária com resultados. Mas temos uma
democracia e o presidente da república tem toda a autonomia para tomar todas as
decisões a respeito. Na nossa avaliação, porém, a economia está sendo bem
sucedida", disse.

Meirelles acredita que "medidas artificiais,
pirotecnias e tentativas de soluções não-técnicas não tem funcionado no Brasil e
nem funcionariam de novo". Segundo ele, será a persistência das atuais políticas
que fará com que as taxas de juros caiam. Meirelles ainda aponta que se a
inflação convergir para as metas em um período "consistentemente prolongado", as
taxas de juros cairiam mais. "Existe um inconformismo com problemas que são
antigos e uma ânsia para solucionar esses problemas", explicou.

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