Meio PIB é dívida

Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a dívida pública brasileira acabou de chegar ao inquietante patamar de 51,3%, equivalendo em dinheiro a R$ 971,751 bilhões. A queda da inflação é a culpada, vez que o valor de PIB é corrigido mensalmente pelo BC com base no IGP-DI.

O citado índice tem apresentado variações negativas desde maio, fazendo com que a deflação de junho e julho tivesse um impacto de R$ 5 bilhões sobre o PIB, elevando também o percentual da dívida pública.

A queda da inflação reflete as sucessivas altas da taxa de juros desde o ano passado. Em setembro de 2004, a taxa básica estava em 16% e, hoje, em 19,75%. A lógica do BC ao manter juros altos é evitar a disparada dos preços ao consumidor, embora a medida contribua também para o crescimento da dívida.

Nesse momento, 52,9% da dívida é corrigida pela Selic, taxa que corrige a maioria dos títulos públicos em circulação no mercado. Papéis em poder dos bancos e fundos de investimento. Cada vez que o BC aumenta a taxa de juros, a dívida pública do governo fica maior.

Este é o motivo fundamental para a discussão em torno da política de juros do BC, fator que dificulta a flexibilidade da economia em busca de saídas para a desaceleração de alguns setores importantes da produção. O governo despendeu, de janeiro a julho, R$ 92,264 bilhões em encargos financeiros da dívida, cerca de 30% a mais do que foi gasto no mesmo período do ano passado.

O nó aperta porque o governo não dispõe desse volume de dinheiro para honrar seus compromissos, vendo-se obrigado a contrair novos empréstimos e afundar o buraco do círculo vicioso. No primeiro semestre o superávit primário ficou em R$ 68,745 bilhões, para um alvo final de R$ 83,850 bilhões, ou 4,25% do PIB.

Analistas não chegam a se preocupar com o tamanho da dívida pública do governo, pois a consideram proporcional à média internacional. A maior dificuldade do governo está no prazo médio de dois a três anos para pagar seus débitos, enquanto outros países conseguem alongar esse prazo para até trinta anos.

Como o superávit primário é obtido com a contenção dos gastos públicos e o aperto das contas do governo, sobra pouco para investir em projetos sociais e na infra-estrutura. E isso esquenta a discussão.

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