Medidas cambiais saem até quinta-feira, diz Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou hoje que o pacote cambial será mesmo anunciado na quarta-feira, ou no máximo até quinta-feira. "Quando eu viajei, deixei as instruções de que o pacote esteja pronto até minha volta, e por telefone já definimos os detalhes. Amanhã, quando eu chegar a Brasília, se estiver tudo redondo, (o pacote) será anunciado na quarta-feira. Se não, no máximo até quinta-feira", explicou o ministro em entrevista coletiva, no Ministério de Economia da Argentina, onde manteve uma reunião com a ministra Felisa Miceli. Mantega afirmou também que a forma para manter a CPMF nas exportações "já está equacionada".

Transações sem dólar

Os técnicos dos Bancos Centrais do Brasil e da Argentina terão uma reunião na primeira semana de agosto para finalizar os entendimentos com vistas a eliminar o dólar das transações comerciais entre os dois países, anunciou Mantega. Segundo ele, a partir desta reunião, será feito um cronograma para que o Brasil e a Argentina realizem transações diretas em peso e real, sem terem que passar pela moeda norte-americana. "Não é fácil fazer isso", reconheceu Mantega, completando, no entanto, que os dois países estão decididos a avançar nesta medida.

O ministro afirmou que, além de eliminar a burocracia, a transação direta dá a "vantagem" aos países do ingresso de menos dólares, o que reduz a pressão cambial. "Vamos dar uma certa prioridade a este tema. Foi o que acertamos com a ministra Felisa Miceli", disse Mantega. Ele observou que a eliminação do dólar nas transações comerciais é um "preâmbulo do que seria a moeda única" no futuro, quando o Mercosul decidir ter uma moeda comum.

Mercosul

Mantega informou também que os ministros da área econômica dos países-membros do Mercosul vão se reunir dentro de 60 dias no Rio de Janeiro para discutir uma posição comum a ser apresentada na Assembléia Anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que será realizada em setembro, em Cingapura.

De acordo com Mantega, durante a reunião que manteve com sua colega Felisa Miceli, eles ampliaram a idéia de defender uma proposta conjunta em relação a três questões: a redistribuição das cotas para os novos membros do FMI; a vigilância das contas públicas; e a criação de linhas de contingência de crédito para momentos de turbulência.

Segundo detalhou o ministro, Brasil e Argentina consideram justo que outros países, como a China, associem-se ao fundo. Porém, com a entrada de novos sócios, as cotas de participação e de poder de voto terão que ser redistribuídas. "O que está em jogo é saber de quem que vai sair a cota para os novos: se vai sair do Brasil e da Argentina, que têm uma participação menor, ou dos Estados Unidos e Inglaterra, que têm participação maior", argumentou Mantega. O ministro afirmou que os países do Mercosul não podem perder suas cotas junto ao organismo, por isso é importante essa posição conjunta.

Sobre a questão da vigilância das contas públicas dos países, Mantega disse que é preciso deixar claro que o FMI "não tem que se preocupar com os emergentes, porque nós somos os que mais temos as contas equilibradas e superávit fiscal. O FMI tem que vigiar outros países, como os Estados Unidos, que vive um momento de desequilíbrio em suas contas externas". Finalmente, Mantega admitiu que o que mais interessa ao Mercosul nesta discussão é "a criação de linhas de contingência de crédito, que possam ser tiradas sem maior dificuldade em momentos de turbulência".

Voltar ao topo