Marinho se diz inocente e levanta suspeita sobre contratos dos Correios

O ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, fez indicações de investigação à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura denúncias de corrupção na Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). Marinho foi ouvido como suspeito de corrupção, por ter sido flagrado recebendo R$ 3 mil em um vídeo. Em sua defesa, disse que "jamais pediu dinheiro" e o teria recebido apenas. "Foi uma falha, um ato impensado", afirmou à CPMI.

Esta manhã, os advogados de Marinho ameaçaram abandonar o caso, alegando que o cliente não estava contando a verdade. Pressionado pelos parlamentares, Marinho disse que só contaria o que sabia sob proteção policial. Passou então a listar contratos que ele considera suspeitos dentro dos Correios.

Citou o contrato da ECT com o Bradesco, para formação do programa Banco Postal. E enfatizou contratos fechados pela Diretoria de Tecnologia da estatal. Pediu que fossem investigados os contratos de publicidade da estatal, que, segundo ele, seriam aprovados pela Secretaria de Comunicação do Governo de Governo e Gestão Estratégica (Secom).

Além disso, indicou que deveria ser investigada a relação com as franquias dos Correios, que, segundo ele, poderiam ter ligação com parlamentares. O relator da CPMI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), considerou o depoimento de Marinho "superficial e generalista".

Segue abaixo a lista de contratos citados por Marinho:

>> Aquisições de máquinas de franquear digitais para empresas dos Correios, próprias e franqueadas. "Não é um processo que foi feito agora. Eu não estou aqui vendo se é do governo A ou B. não sou político. Se o objetivo foi alcançado, esse processo precisa ser analisado", disse.

>> Confecção das salas cofres em Brasília e São Paulo. "Quais são as empresas que estão por trás disso?", questiona.

>> Aquisição de softwares, rádios e licenças de uso, coordenado pela área de tecnologia. Segundo Marinho, um sistema integrado implantado na empresa há anos ainda não funciona.

>> Contratos que envolvem a solução de leitura e entrega simultânea de contas de água, luz em todo país. "É nesses contratos que entram aquisição dos microcoletores de dados das docas, das impressoras portáteis onde entra a firma HHP", que segundo ele, teria ligações com o secretário-geral do PT, Silvio Pereira.

>> Aquisição de kits para o Banco Postal e o projeto Sara (Serviço de Automação da Rede de Atendimento). Segundo Marinho foi feito um grande contrato no passado com consórcio alfa ? Novadata e Positivo. Ele questiona quantos kits foram adquiridos, onde estão, como foram feitos contrato, as especificações e manutenção.

>> Aquisição de kits e estações de trabalho para as áreas administrativas dos Correios. "Todos os contratos de obras de engenharia são subordinados, geridos, operacional e administrativamente pela Diretoria de Tecnologia. No Brasil, não há uma obra nesse país que não seja coordenada por essa diretoria e um departamento específico", afirmou.

>> Os contratos com as empresas terceirizadas, que também são em sua grande maioria coordenados pela Diretoria de Tecnologia, de acordo com Marinho. "É essa que dizem que é ligada ao doutor Sílvio (Sílvio Pereira, secretário-geral do PT)".

>> Grande número de compras elevadas a efeito nos últimos anos através das comissões especiais de licitação. "Todas as comissões especiais de licitação são aprovadas e assinadas pelo presidente do ECT".

>> Contratos que envolvem o item seguros, tanto na parte de sistema, quanto na parte de produtos.

>> Contratos efetuados com agências de propaganda. O ex-funcionário pede para CPMI verificar a destinação de recursos de patrocínio feitas pelo Departamento de Marketing dos Correios. Segundo ele, os contratos seriam aprovados pela Secretaria de Comunicação do Governo.

>> Contratos de transporte de carga aéreo, fluvial e de superfície. "São milhares de contratos de veículos, de aeronaves e de barcos cortando esse país transportando milhões de toneladas de carga. Não sei quem está por trás disso".

>> Aquisição dos equipamentos operacionais, em especial caixetas.

>> Contratos dos Correios com Bradesco, como com o Banco Postal e Scopus, empresa que segundo Marinho é vinculada ao banco e ganhou recentemente a manutenção de equipamentos de informática praticamente em todo país. Citou também o contrato do Correio Híbrido Postal e o envolvimento do Bradesco com as agências de correios franqueadas na postagem de objetos postais. Ele disse ainda que o Bradesco também venceu toda licitação de cartão de compra dos Correios.

>> Levantar o contrato com grandes agências franqueadas dos Correios nos estados, o que segundo Marinho, pode atingir parlamentares.

O relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), afirma que o depoimento de Maurício Marinho foi "superficial" e "generalista". "Estamos com uma idéia norteada no sentido de uma auditoria, aí vamos investigar todos os contratos, todas as licitações, todas as diretorias. Agora, o que precisamos dele é que seja mais concreto", acrescentou. De acordo com ele, o discurso de Marinho foi uma tática de defesa, "atirando" em todo mundo, sem apresentar provas concretas. "Continuamos achando que ele está escondendo a verdade", ressaltou.

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