Mabel e Janene ameçam paralisar votações da Câmara

Brasília (AE) – Se não ceder às pressões dos líderes do PP, José Janene (PR), e do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), o governo pode ter um prejuízo de até R$ 40 bilhões amanhã (31), durante uma sessão do Congresso destinada a votar vetos presidenciais. A estimativa é do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. Investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, Janene e Mabel exigem que o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao reajuste de 15% dos salários dos funcionários da Câmara e do Senado seja derrubado, apesar da orientação contrária da administração federal.

Se o aumento dos servidores, que significa gasto de cerca de R$ 1 bilhão aos cofres públicos, não for preservado, os dois líderes ameaçam paralisar as votações da Câmara e, principalmente, derrubar amanhã os demais vetos que estão na pauta – são 78 no total – causando mais prejuízos ao Poder Executivo.

No início da noite de hoje, Bernardo manifestou grande preocupação com o movimento na base governista para a derrubada dos 78 vetos presidenciais. "Apenas a derrubada de um deles representaria uma redução de receita para o governo de R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões", disse, sem explicitar a qual veto se referia.

"Nós estamos avaliando que o prejuízo total aos cofres públicos poderá chegar a R$ 40 bilhões", acrescentou.

Depois de muita briga e uma longa reunião na liderança do PMDB, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), resolveu ceder às pressões de Janene e Mabel. Mas foi, imediatamente, cobrado pelo líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), que nem sequer fora convidado para o encontro. Bezerra ameaçou deixar o cargo e disse que a orientação dada pelo Executivo era outra: retirar o reajuste dos servidores da pauta.

"Você que assuma essa responsabilidade", disparou Bezerra a Mercadante. Enquanto isso, os servidores do Congresso, fora dos postos de trabalho, ocuparam o saguão em frente ao plenário do Senado para pressionar os parlamentares. Gritando palavras de ordem, centenas deles passaram a tarde manifestando-se e pregando adesivos nos deputados que tentavam atravessar com dificuldade os prédios do Senado e Câmara.

Em meio aos protestos dos servidores, os líderes do PP e do PL deixaram claro aos petistas que estão cansados das promessas não cumpridas do governo.

"Eu não sou palhaço", gritava Mabel, com a concordância de Janene. Eles citaram, como exemplo, a liberação de emendas individuais do Orçamento que não saem, apesar das sucessivas promessas. "Foi uma lavagem de roupa suja", concluiu um dos presentes à reunião dos líderes da base aliada. Outro motivo de irritação dos líderes é a decisão das CPIs dos Correios e do "Mensalão" de encaminharem o relatório à presidência da Câmara sobre o envolvimento dos parlamentares nas acusações de corrupção sem que fossem convocados para defesa nas duas comissões.

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