Lula minimiza denúncias e diz que mensalão não existiu

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na entrevista concedida às rádios regionais nesta manhã que o Brasil vive um momento em que "as insinuações não têm respaldo no dia seguinte, mas vão ganhando corpo". Como prova, ele citou a CPI da compra de votos, conhecida como CPI do Mensalão, que foi encerrada ontem sem ter encontrado provas. "A CPI vai terminar e eles (os parlamentares) não vão provar mensalão", declarou. O presidente explicou que isso ocorrerá porque é "humanamente impossível" que um governo pague por votos de parlamentares para garantir a aprovação de projetos no Congressso.

Em outro trecho da entrevista, o presidente voltou a citar a CPI e o suposto pagamento de mensalão, defendendo a apuração de todas as acusações. "Quero que apurem com rigor tudo o que falaram publicamente", disse. "Quero ver quem pôs tirar da cabeça do povo que existe mensalão", acrescentou.

Indagado sobre as denúncias de irregularidades que envolvem um de seus filhos e um de seus irmãos, o presidente admitiu que sua família, assim como a de outros presidentes da República, não está livre de ser investigada. Mas sustentou que as acusações feitas não se baseiam em provas. "Não basta levantar a dúvida, é preciso provar", disse. Para Lula, as críticas a sua família fazem parte do jogo político nacional.

Na mesma pergunta, Lula foi indagado se não teria colaborado para uma eventual cassação do mandato parlamentar do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), ao ter afirmado recentemente que a Câmara dos Deputado está condenada a cassá-lo. "Não acredito que minha fala tenha prejudicado o Dirceu", afirmou, explicando que teve por base informações que lê diariamente em seis jornais, em três revistas semanais, além de rádio e televisão. "Ouço as pessoas condenarem a priori o José Dirceu", acrescentou Lula. "Me pergunto por qual crime. Se colocarem todas as denúncias de crime contra Dirceu numa prensa, e apertar não sai uma gota", sustentou, em defesa do todo poderoso ministro-chefe da Casa Civil. Lula ainda lembrou que o autor das denúncias contra Dirceu, o ex-deputado Roberto Jefferson, já teve seu mandato parlamentar cassado pela Câmara.

O presidente negou-se a responder críticas feitas a ele por parlamentares do PSDB, dizendo que a responsabilidade que assumiu, ao ser eleito presidente da República em 2002 na terceira disputa, não permite "política rasteira". A pergunta citou as críticas da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que chamou Lula de "bandidão", e a feita pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que prometeu dar "uma surra" no presidente. Segundo o presidente, a imunidade parlamentar brasileira leva a casos de impunidade. "Quando as pessoas baixam o nível é porque as pessoas estão ficando nervosas", disse Lula.

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