O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, já conquistou o apoio de pelo menos quatro dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Entre amanhã e quinta-feira, representantes da Fiesp se reúnem com a cúpula petista para decidir se vão aparecer no programa de TV de Lula manifestando seu apoio, a exemplo do que fez o presidente da Gradiente, Eugênio Staub.
A afirmação do tucano José Serra de que o Brasil poderá se transformar numa Argentina, caso Lula seja eleito, tem surtido efeito contrário no empresariado. Para Paulo Skaf, vice-presidente da Fiesp e presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Serra cometeu um erro ao fazer tal afirmação.
– O Serra é mais difícil de ouvir a gente. E Lula tem mostrado ouvidos mais abertos. É muito triste o que o Serra fez, ninguém tem o direito de colocar o país em risco. Por que eu não confiaria num governo do Lula? Lula é um homem de bem, correto, honesto. O candidato a vice dele (José Alencar) é um realizador, um empresário de sucesso – disse.
Uma espécie de torpedo mandado para algumas colunas de jornais pelo presidente da Fiesp, Horácio Lafer Piva, dizendo que não há sentido para o suposto “efeito Lula”, que estaria provocando a alta do dólar, também animou os empresários a se aproximarem da campanha petista. A assessoria de Piva confirmou a nota, mas afirmou que a Fiesp não se manifestará como entidade.
Além de Skaf, pelo menos outros três dos 15 vices-presidentes da Fiesp admitiram apoiar Lula hoje. Alguns deles disseram que estão discutindo a possibilidade de aparecer no horário eleitoral gratuito de quinta-feira.
– Eu acho que é preciso mudar. Não dá mais para a gente dançar ao som desse samba de uma nota só que estamos ouvindo nos últimos nove anos. É hora de mudar e eu confio no Lula – disse Mário Bernardini, vice-presidente da Fiesp.
lOutro vice-presidente da entidade, Synesio Batista Costa, também admitiu que escolheu o PT, mas ressaltou que preferiria a manifestação intramuros, ou seja, sem uma manifestação em TV, como fez Staub. Ele diz acreditar que o presidente da Gradiente errou, pois os empresários nunca deveriam se manifestar eleitoralmente.
– Mas o projeto do Lula nos agrada mais. Agora, tomar partido é coisa de político, não de empresário. Estamos apoiando firmemente, mas ainda avaliamos porque o empresariado não é de fazer inimizades – afirmou Costa.
Ele ressaltou que não vê a necessidade de os empresários se posicionarem abertamente no apoio a Lula, que ontem participou de debate no “Estado de S.Paulo”.
Também vice-presidente da Fiesp, Roberto Nicolau Jeha disse que decidiu apoiar Lula por achar que o governo tucano não cuidou bem dos interesses nacionais.
– Nos últimos anos o Estado brasileiro foi capturado pelo setor financeiro. O Lula, se for eleito presidente, tem todas as condições de devolver o Estado à Nação – disse o empresário.