Lula inicia definição da nova equipe de governo

São Paulo  – Se eleito, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciará ainda no domingo à noite os principais nomes da equipe de transição. Já foram listados 115 nomes e 51 participarão da Comissão de Transição criada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

No primeiro momento, serão anunciados os quatro integrantes da coordenação política, que terá ascendência sobre os demais: José Dirceu, Antônio Palocci, Luiz Gushiken e Luiz Dulci. Os principais integrantes da equipe econômica também serão anunciados domingo. A equipe contará com nomes de dentro e de fora do PT em todas as áreas. Muitos poderão compor o Ministério de um possível governo petista.

Entre os empresários, o mais cotado para integrar a equipe de transição é Eugênio Staub, da Gradiente. No meio empresarial, ele vem sendo considerado um líder capaz de se contrapor a Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, que apóia o candidato do PSDB, José Serra.

Segundo um integrante da equipe econômica de Lula, Staub é o melhor nome porque tem credibilidade, principalmente por dirigir uma empresa que sobreviveu à crise graças à capacidade de modernização.

É uma equipe que mostrará como o governo será amplo, muito mais amplo do que o partido. Serão muitos nomes de fora do partido, nomes que agregam -disse um alto dirigente petista.

Transição

Para a transição na presidência do Banco Central, o perfil escolhido por Lula é o de alguém que trabalhe num banco nacional e que já tenha experiência no BC. Nesse perfil se enquadra o economista Sérgio Werlang, diretor do Itaú e ex-diretor da área externa do BC. Até hoje, estavam praticamente descartados para o BC Fábio Barbosa (presidente do Real/ABN-Amro), Paulo Leme (do Goldman Sachs) e Henrique Meirelles (ex-presidente mundial do BankBoston).

Para o BC podemos adiantar que será alguém com experiência (no Banco Central) e que esteja num banco nacional, de modo que possa também exercer uma função agregadora. E isso não implica que o presidente do BC seja banqueiro, mas sim um bom operador. O importante não é o nome, e sim a decisão política – disse um integrante do grupo econômico de Lula.

Ainda no domingo, Lula deverá reafirmar seus compromissos com a estabilidade econômica, como forma de acalmar o mercado. O anúncio será feito em entrevista coletiva no auditório do Hotel Intercontinental, em São Paulo, poucas horas depois do encerramento da votação e quando já tiverem sido anunciadas as primeiras pesquisas de boca de urna. A idéia é que Lula reafirme seus compromissos com a estabilidade sem anunciar novidades nessa área.

A exemplo das demais eleições que disputou, Lula deverá se recolher a um lugar não informado logo depois de votar. Só após o término da votação irá para o hotel. Depois da entrevista, seguirá para a Avenida Paulista, onde o PT prepara uma grande festa. No hotel será preparado um espaço VIP, com bufê, uma central telefônica e três tradutores (inglês, espanhol e francês), do qual Lula deverá receber os cumprimentos dos chefes de Estado. Está prevista a instalação de dez linhas telefônicas.

A decisão de anunciar em primeiro lugar Dirceu, Gushiken, Palocci e Dulci tem como objetivo aumentar o peso das decisões políticas sobre as econômicas.

A idéia é anunciar primeiro a equipe política para ficar claro o peso que Lula quer dar a ela – disse um dirigente petista. Formalmente, Dirceu deverá acumular as funções de coordenador da equipe de transição com a presidência do PT. Mas na prática deverá deixar a administração da máquina partidária a cargo do secretário de Organização, Sílvio Pereira, já que o vice-presidente, José Genoino, pode ser eleito governador de São Paulo e o secretário-geral, Dulci, integrará a equipe de transição.

Petista discute aliança

Brasília

(AG) – O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), conversaram na segunda-feira, num encontro casual, sobre uma eventual aliança entre os dois partidos após as eleições de domingo. Eles se encontraram e conversaram no hangar da Líder, no Aeroporto de Congonhas, enquanto Lula aguardava para embarcar para o Rio de Janeiro e Michel esperava para ir a Belo Horizonte participar de um ato com o tucano José Serra.

Lula, acompanhado do presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), embarcou para o Rio pouco antes da chegada ao hangar do presidente do PSDB, deputado José Anibal (SP), que rumou com Temer para Minas. A conversa, segundo uma testemunha, foi bastante amistosa.

Se eu ganhar quero me sentar logo depois das eleições com o presidente do PMDB – afirmou Lula.

Nós temos uma posição de lealdade absoluta ao Serra, mas fico feliz em saber que você pretende ter uma conversa institucional com o partido -respondeu Temer.

A conversa durou quinze minutos e os petistas e o pemedebista ficaram de voltar a conversar depois do segundo turno. O movimento de aproximação que o PT está fazendo em direção ao PMDB está sendo recebido com muita cautela pelos peemedebistas. A cúpula do partido está dividida sobre uma eventual participação no governo Lula, embora alguns de seus integrantes reconheçam que o PT e Lula mudaram.

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