Lula admite que Lupi teria dificuldades na Previdência

Ao empossar Carlos Lupi, do PDT, no cargo de ministro do Trabalho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que resolveu não entregar a Previdência ao PDT, como cogitou inicialmente, porque o ministério "é quase uma questão de fé", numa referência aos problemas do setor. "Certamente você teria dificuldades em alguns temas", admitiu o presidente a Lupi. Ele reafirmou que uma reforma da Previdência não deve ser proposta pelo governo, mas pela sociedade. "Essa proposta deve ser feita por aqueles que pagam e recebem. Só assim a sociedade terá um sistema de seguridade social, mais condizente com as necessidades dos nossos trabalhadores".

Sobre a participação do PDT no seu segundo mandato, Lula disse que uma coalizão de governo deve unir pessoas que estão em lados opostos. No discurso, Lula lembrou momentos de divergências que teve com o partido de Leonel Brizola e também de momentos de união, como na campanha das Diretas e no segundo turno da eleição de 1989.

"Companheiros, quando a gente vai construir uma coalizão, a gente não quer juntar os mesmos que nos apóiam, pois uma coalizão pressupõe estabelecer um grandeza interior capaz de estar ao lado de pessoas que até ontem falavam mau de você, na disputa política", disse. "Muita gente me dizia: Lula, você está montando um governo com pessoas que faziam muita crítica. O Geddel (Geddel Vieira Lima , ministro da Integração Nacional) fazia crítica, o Lupi, fazia crítica, não sei se o Miguel Jorge (ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) fazia crítica a mim. Se fazia, não era pela frente", disse o presidente, rindo.

Lula citou personalidades do trabalhismo como Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, sob aplausos da platéia, em parte formada por filiados do PDT. Para o presidente, o PDT está voltando de onde nunca deveria ter saído "do nosso lado e do governo". "Não podemos esquecer das vezes em que estivemos juntos, desde a campanha das diretas, a redemocratização, o apoio de Brizola, em 89, no segundo turno, e a eleição que ele foi meu candidato a vice", afirmou. "A vinda do PDT para o governo não tem nenhuma novidade. Os dissidentes de outras eleições poderão até continuar, pois fazem parte da política".

Lula recomendou ao novo ministro do trabalho que mantenha o diálogo com todas as centrais sindicais. "Lupi, você conhece o movimento sindical, sabe como tratar essa gente". Quando as coisas estiverem ruim, quem estará ao seu lado é o trabalhador brasileiro, pois ele reconhece o que a gente faz. E Deus te abençoe e que o Miro não te atrapalhe", brincou o presidente, referindo-se ao deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), ex-ministro e crítico do governo.

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