Não podia ser maior a coincidência, mas no exato dia que o ex-prefeito Cassio Taniguchi escolheu para romper o silêncio mantido desde a saída do Palácio 29 de Março, e proclamar que é candidato a governador em 2006, o prefeito atual, Beto Richa, comunica à população ter herdado uma dívida de quase R$ 60 milhões.
Nada contra a pretensão legítima do ex-prefeito, brasileiro, maior, eleitor e com direitos políticos vigentes. Mas a recepção a ele reservada pelo acaso, no momento de sua reentrada em cena, poderia ser mais edificante. Lembrar de responsabilidade fiscal e equilíbrio nos gastos públicos numa hora dessas?
Taniguchi trabalha em família. As informações dão ciência da abdicação do ex-deputado Luciano Pizzatto da presidência municipal do PFL, indo para o lugar vago ninguém menos que dona Marina, a quem muito marmanjo reverenciou nos oito anos de mandato do marido.
O PFL ainda sente os efeitos da pesada derrota sofrida, principalmente em Curitiba, e procura evitar o fora de forma de seus quadros, ao fazer o pré-lançamento da candidatura de Cassio ao governo do Estado. Os ânimos do PFL curitibano são hoje um desvanecido sinal do inchaço assumido pela agremiação sob o governo Lerner.
Como águas passadas não movem moinhos, os remanescentes arquivam o passado recente e se aprestam a lançar mãos à obra, saindo a batalhar vaga no pelotão de fundistas aptos a disputar a maratona governamental.
A corrida requer fôlego e traquejo político, elementos não estranhos ao cotidiano do ex-prefeito na duplicidade do mandato. O nó a desatar é saber se a rejeição do PFL em Curitiba foi episódica, ou o charme nipônico vai empolgar a massa do Atlântico ao Paraná, do Paranapanema ao Iguaçu. Coisas tão diferentes quanto a Lua e seu reflexo na lagoa.