Londrina vai concentrar agricultores em protesto

Londrina vai concentrar agricultores e pecuaristas de todo o Estado do Paraná
na próxima terça-feira (31), a data marcada para protestos do setor em todo o
País contra a política econômica de Brasília. O município é importante pólo de
produção agropecuária do Paraná, maior produtor de grãos do Brasil.

A
concentração em Londrina integra o Dia Nacional da Mobilização da Agropecuária
Brasileira, convocado por entidades rurais cujo objetivo é demonstrar ao governo
e à sociedade a crise que o setor atravessa este ano. No Paraná, o protesto é
organizado pela Sociedade Rural estadual, Organização das Cooperativas do Paraná
(Ocepar), Federação da Agricultura do Estado (Faep), sindicatos rurais e
fornecedores de insumos.

As entidades estão organizando carreatas e
"tratoraços" de todos os municípios paranaenses e a expectativa da Sociedade
Rural é reunir pelo menos 10 mil agricultores com máquinas e caminhões, em
frente ao Parque de Exposições Governador Ney Braga, a partir das 11 horas do
dia 31. A organização do movimento diz que não há intenção de bloqueio de
rodovias.

"Reivindicamos uma política que atenda melhor o setor, que
antecipe eventuais problemas e variáveis específicas da agropecuária, como
intempérie e oscilações de preço nos mercados internacionais", diz o presidente
da Sociedade Rural do Paraná, Edson Neme Ruiz. Os produtores do Paraná, segundo
Ruiz, pedem a prorrogação de vencimentos de empréstimos de custeio e
investimento nas mesmas condições em que os contratos foram assinados.

O
setor pede também que o governo promova efetivamente a garantia dos preços
mínimos oficiais, pois alguns produtos estão sendo comercializados abaixo desses
patamares, como arroz e algodão. "A crise na agropecuária vai se refletir em
outros setores, como a indústria e exportações do agronegócio, o emprego, e os
setores de serviço e comércio das cidades", lembra Neme Ruiz.

Para o
líder paranaense, o produtor rural não tem como pagar contas contraídas ao
câmbio de R$ 3,10 (por US$ 1,00) para mais, num momento em que precisa vender
sua produção ao câmbio de R$ 2,50 para menos. "Produtor rural não faz poupança,
mas reinveste tudo o que ganha na produção", destaca, reforçando o caráter não
especulativo da atividade. A crise que o setor enfrenta, segundo o dirigente,
vai se refletir em menor uso de tecnologia na próxima safra, o que compromete a
produtividade e a renda, e pode arrastar o problema financeiro do setor
indefinidamente.

O Dia Nacional da Mobilização da Agropecuária Brasileira
tem como pauta a discussão de assuntos como câmbio, taxa de juros, preços
baixos, quebra da safra, endividamento e carga tributária. Esses fatores,
segundo os líderes rurais, põem em risco a próxima safra brasileira de grãos,
por inviabilizar investimentos e agravar o endividamento do
setor.

Protestos e mobilizações regionais vêm sendo organizados em
diversas regiões do País, nas últimas semanas, como a dos produtores de arroz no
Rio Grande do Sul, e de agricultores da região paulista de Ourinhos, esta
semana. Os manifestantes de Ourinhos e outros municípios da região planejam
fechar agências bancárias e bloquear rodovias nos dias 30 e 31, em protesto
contra a difícil renegociação de suas dívidas.

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