Lógica de mercado domina COP8, afirmam ambientalistas

A lógica de mercado está dominando as discussões da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8), que entrou hoje (28) no sétimo dia. A crítica foi comum entre os participantes do debate As muitas encruzilhadas da CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica), promovido hoje pela organização não-governamental (ONG) Instituto Socioambiental (ISA), em uma tenda externa ao local da conferência.

"As posições do Brasil sobre repartição de benefícios parecem vanguardistas [o país defende um regime internacional obrigatório que regule a repartição de benefícios resultantes do acesso aos recursos genéticos e ao conhecimento tradicional associado], mas estão na lógica do quem paga mais", afirmou o coordenador-adjunto do Programa de Política e Direito Socioambiental do ISA, Fernando Mathias. "É como se o país falasse: ?Podem levar meus recursos naturais e meu conhecimento. Podem até patenteá-lo, desde que repartam os lucros?".

Ele disse que os povos indígenas também se tornam vítimas da mercantilização, quando lutam pelo direito de patentear seus conhecimentos. "Essa é uma reação natural de defesa, mas extremamente prejudicial", ressaltou Mathias. "A livre circulação do conhecimento tradicional e sua construção coletiva nas comunidades são fundamentais para que ele exista".

A militante Christine Von Weizsnacker, que há 40 anos acompanha debates internacionais sobre meio ambiente, disse que a lei da oferta e da procura ajuda a explicar o crescente discurso de valorização da biodiversidade. "Os recursos naturais estão indo embora e, ao mesmo tempo, com a biotecnologia, a demanda por eles está aumentando", afirmou. "Se eu fosse empresária, também investiria na proteção da natureza, como reserva de mercado. Mas há muita gente para quem o valor meio ambiente não pode ser traduzido em cifras".

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