Lindas pernas…

E tem um par de pernas, é o comentário que surge gratuito diante de pernas bem contornadas. Não é de hoje. A dança valorizava o movimento de pernas e região pélvica em 5000 a.C. para reverenciar Hator, a deusa mãe dos egípcios, mas foram os gregos que esculpiram a estátua de Ártemis, a caçadora, e deixaram um exemplo de pernas saudáveis e bonitas, valorizadas por túnica curta e com balanço nos quadris na época helenística. No decorrer da história, especialmente na Idade Média, as mulheres eram reproduzidas com túnicas longas encobrindo as pernas. Em 1920, Chanel, uma costureira francesa, escandalizou o mundo ao criar uma saia que tinha comprimento na altura um pouco abaixo dos joelhos e deixava as pernas à vista. Mostrar as pernas, no entanto, nem sempre foi a possibilidade real para muitas mulheres porque elas continham imperfeições. Até hoje são dadas dicas: se suas pernas forem finas, use meias brancas, se forem grossas, use tons escuros, se tiverem varizes… bem, neste caso, quem dá as dicas é o médico.Cleber Fabre, cirurgião vascular que atua na clínica de Angiologia e Cirurgia Vascular em Curitiba, diz que o aparecimento de varizes pode ser prevenido pela “prática de alguma atividade física aeróbica, como natação ou caminhada, ou pelo uso rotineiro de meia elástica, que contribui para a diminuição dos sintomas principalmente do edema no final do dia. Quem fica muito sentado durante o dia precisa fazer pequenas caminhadas mesmo dentro do local de trabalho; quem fica muito tempo em pé deve elevar as pernas por alguns minutos várias vezes ao dia. Deve-se evitar o cigarro e a ingestão de sal em excesso. Assim, os hábitos que poderiam ser fatores de risco mudam-se em hábitos saudáveis. Os medicamentos auxiliam no alívio dos sintomas, mas não curam a doença”.Se o homem ou a mulher tiver a sensação de cansaço e peso nas pernas no final do dia, dor, formigamento e cãibras noturnas, é porque já está com os sintomas de varizes. Podem ser microvarizes, pequenas dilatações venosas que são operadas com anestesia local; varizes, dilatações venosas que são operadas com anestesia local ou peridural, sendo retiradas com miniincisões sem deixar cicatrizes; grandes varizes cuja cirurgia, mais trabalhosa, as retira com incisões maiores.

As varizes são definidas pelo cirurgião vascular como “veias tortuosas e dilatadas em conseqüência da falha dos mecanismos fisiológicos de retorno do sangue ao coração. Existem dois tipos: as varizes mais comuns são as primárias, que podem ter uma provável causa genética. Se há casos de varizes na família, o risco de um parente ter varizes é maior. E existem as varizes secundárias, que aparecem em decorrência de algum problema no sistema venoso profundo, como tromboflebites e trombose venosa profunda.”

A paciente W. R. disse que na última temporada de praia tomou bastante sol para bronzear todo corpo, mas o seu objetivo era bronzear as pernas e esconder aqueles vasinhos chamados varicoses ou teleangiectasias. O que ela poderia fazer? Na avaliação do dr. Fabre, “o tratamento mais atual continua sendo a escleroterapia, aplicação, que consiste na injeção de uma substância esclerosante dentro dos vasinhos dilatados. Alguns outros tratamentos têm sido empregados, como o laser e a crioescleroterapia em que a medicação é resfriada a baixas temperaturas. O tratamento mais indicado dependerá do tamanho das varizes e da fase de evolução da doença”.

Os homens também têm varizes e, embora não sofram a cobrança estética sofrida pelas mulheres, precisam entender como o sangue circula, para seu bem-estar: “O sangue é bombeado pelo coração em direção às pernas pelas artérias. O seu retorno é feito pelas veias, dos pés até o coração. Na posição em pé, a ação da gravidade torna difícil esse caminho. Por isso, o organismo tem mecanismos para facilitar a circulação: as válvulas no interior das veias, a musculatura da panturrilha que comprime as veias fazendo o sangue circular”, explica o cirurgião vascular.

E se W.R. quisesse continuar tomando sol para esconder as varizes, ela teria problemas? “O maior objetivo em tratar as varizes é evitar o aparecimento das complicações, como: flebites, varicoflebites, hemorragias, edemas (inchaço), eczemas, dermatites, escurecimento da pele; e uma das complicações mais temida é a formação de úlcera (ferida na perna) e a tromboflebite, levando a pessoa a incapacidade profissional.” Portanto, além do resultado estético, ela terá maior conforto, pois os sintomas desaparecerão.

Cirurgias. “Com o aparecimento de exames sofisticados, a cirurgia de varizes se tornou bastante segura. São retiradas as veias que estão realmente dilatadas e preservadas as demais, principalmente as veias safenas que poderão servir para realizar pontes em enxertos arteriais de artérias do coração ou em qualquer parte do corpo. Quanto à drenagem linfática, é indicada nos pós-operatórios, no início do tratamento de varizes ou quando o componente linfático está muito acentuado, mas sempre com orientação médica. É importante lembrar que o tratamento cirúrgico faz parte da prevenção, pois a doença varicosa não tem cura”, explica o médico. Nesse caso, cá pra nós, Ártemis dá as dicas para boas “caçadas”: a prática preventiva de exercícios físicos.

Zélia Maria Bonamigo

é jornalista, especialista em Mídia e Despertar da Consciência Crítica, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. E-mail: zeliabonamigo@uol.com.br.

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